domingo, 19 de abril de 2009

Pudim de Tapioca

Rating:★★★★★
Category:Other
1l de leite
1 xicara de açúcar
1 lata de leite condensado
1 pitada de sal
1 vidro pequeno de leite de côco
300g de côco ralado (colocar 200g)
1 1/2 xicara de chá de tapioca
4 ovos inteiros


Deixe a tapioca de molho no leite por 2h.
Acrescente os outros ingredientes e misture muito bem até ficar homogêneo. Faça o caramelo de açúcar no fundo de duas formas de pudim com furo no meioespalhando em toda lateral. Coloque tudo nas formas e leve ao forno por 45 minutos.
Nao colocar na geladeira porque endurece.

domingo, 29 de março de 2009

Salvador e Lauro de Freitas




Na estrada.


Aeroporto de Recife.

Mirangaba-BA




Bahia, última parte: até a próxima Micareta!

       (DIA 25) Queimadas...
      
       Das três cidades, a melhor.
       A cidade tem mais estrutura, e é perceptível ao chegar.
       Nos dirigimos à Prefeitura para sabermos onde nos hospedar e seguimos para a “pousada”.
       O, digamos, hotel fica em cima de um galpão que deve funcionar como garagem ou salão de festas e de um bar/churrascaria. O local é meio desmantelado também, mas é a melhor pousada de todas, pelo menos tem ar condicionado e TV com antena parabólica.
       O hotel não oferecia café da manhã, por isso procuramos uma padaria. Fomos para a Secretaria esperar a resposta da Prefeitura, já que eles alegaram não ter os documentos para nos apresentar. Enquanto eles providenciavam os documentos fomos até o prédio antigo da Prefeitura fotografar e entrevistar pessoas a respeito dos gestores anteriores. O impressionante é que as pessoas nem sabem onde era e nem onde está funcionando a Prefeitura. Conversamos com o Promotor, pegamos a uma cópia da Ação Judicial, e voltamos para a Prefeitura, pegamos as respostas e dos documentos que eles tinham, almoçamos e voltamos para a hospedagem para definir estratégias. Resolvemos que procurar o ex-gestor era importante e sairíamos para Salvador no dia seguinte, de madrugada.
       Não foi possível pegar mais impressões sobre queimadas, ficamos pouco tempo, mas é possível registrar que é a cidade que teria mais condições de desenvolvimento se não fosse os desmandos cometidos pelos gestores, para se ter uma idéia mínima do que vimos lá, é só ver essa reportagem: http://www.youtube.com/watch?v=TJlNODITKIw.
       Ficamos mais uma noite, e seguimos para Salvador/Lauro de Freitas.
       Chegamos um pouco antes de meio-dia. Deixamos as coisas na Pousada e fomos para o centro histórico de Salvador.
       Pegamos um baú e percorremos um longo percurso até o terminal.
       Salvador aparentou ser uma capital muito pobre. As favelas de lá são enormes e dá medo de chegar perto. As favelas de Brasília são um luxo em vista das de lá. O terminal em que desembarcamos fica aos pés do Elevador Lacerda, na Baía de Todos os Santos.
       Passamos por dentro do Mercado Modelo, que é bem organizado, mas é tudo muito caro.
       Subimos o elevador, que custa R$0,05 a tarifa. Almoçamos num restaurante BBB (bom, bonito e barato, coisa rara por ali, onde tudo é caro). Conhecemos a Praça da Sé e o Pelourinho. O chato é que tem uns pedintes que ficam na cola, seguindo os nossos passos e pentelhando nosso ouvido enquanto não liberamos um dinheiro. Aí eles desaparecem.
       É tudo muito bonito, e tem muitos prédios históricos em reforma. E nunca vi tantas igrejas juntas.
       O mais impressionante de todos é a Igreja e Convento São Francisco. Nunca vi nada tão deslumbrante! É a igreja mais rica do Brasil: toda no mármore, granito, marfim, jacarandá e ouro, muito ouro. É indescritível, só mesmo vendo essa obra prima da arte barroca e rococó para ver o quanto é impressionante. O convento, anexo à Igreja é revestido por painéis de azulejos com inscrições em latim moralistas e contraditórias entre si e com a doutrina que a igreja prega. Depois de muito caminhar e comprar (mais caminhar que comprar), voltamos para a pousada, mas pegamos outra linha de ônibus que passa pela orla. Demoramos mais, pois estava na hora do “rush”.
       No outro dia fomos para a praia pela manhã. Bem, praia é praia, não tem muito o que descrever. Não tinha muita gente. Nem tinha gente bonita. A água estava morna, que foi a parte boa e a moqueca que comemos foi a parte melhor. A maré subiu rápido demais e o mar logo ficou de ressaca, o que foi a parte ruim. Almoçamos e voltamos para a Pousada e por lá ficamos até o dia seguinte para pegar o vôo de volta.
       Voar de TAM é outra coisa mesmo. O avião é mais confortável, o serviço de bordo é melhor. A viagem foi tranqüila e agora estou de volta a minha cidade, e com muitos planos.
       Foi bom ficar distante de tudo o que está acontecendo aqui em Brasília para colocar as idéias em seus devidos lugares e ver quais os lugares que ainda estão sem idéias.
       Novos planos para 2009! Espero obter sucesso.
       Fotos no álbum do Multiply.
       Para encerrar, em homenagem à Bahia, os 10 mandamentos do baiano, estampados em várias camisetas que vi à venda:
      
1) Viva para descansar;
2) Se vir alguém descansando, ajude-o;
3) Ame a sua cama, ela é o seu templo;
4) O trabalho é sagrado não toque nele;
5) Adore seu trabalho, fique horas olhando para ele;
6) Descanse de dia para poder dormir a noite;
7) Coma, durma e quando acordar descanse;
8) Não esqueça, trabalho é saúde, deixe-o para os doentes;
9) Quando sentir vontade de trabalhar, sente-se e espere que ela passa;
10) Nunca faça amanhã o que você pode fazer depois de amanhã.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Bahia, segunda parte...



(DIA 19) Talvez a falta de um equipamento para visão noturna tenha influenciado sobre o que disse a respeito de senso estético em Mirangaba, logo saberão por quê. Continuando o relato, o motorista retornou a Filadélfia de madrugada e nem vi direito que horas eram. Só sei que levantei cedo, tomei meu café-da-manhã oferecido pelo, digamos, hotel (tinha leite, café, batata doce cozida, margarina, pão, bolo de fubá e o meu chá de estimação que levo sempre comigo), e seguimos para a Secretaria de Educação. Para chegar até a Secretaria era só atravessar a rua, passar em frente ao Banco do Brasil e subir a escadaria do prédio ao lado. Pela manhã deu para ter uma idéia melhor sobre a cidade, que fica num terreno mais acidentado, com ruas íngremes. O pavimento das ruas principais é feito com paralelepípedos de pedra, assim como em Filadélfia. Tem muitas casas em construção, o que torna a paisagem feia. Acredito que os moradores estão trocando as paredes de pau a pique e adobe por alvenaria e os telhados de fibra ou amianto por cerâmica. Mas isso não tira o aspecto pobre da cidade. O prédio da Secretaria tem a frente voltada para a praça, assim como outros prédios comerciais, como duas farmácias, uma padaria, uma lojinha de roupas e outra de variedades. O restante é boteco. A praça daria certo em outro cenário, mais desenvolvido, pois a sua beleza destoa do resto da cidade. Na praça tem uma estátua em homenagem a um ex-prefeito, membro de uma família influente na cidade (a família Tínel) e prédio em semicírculo com dois pavimentos: embaixo um bar e em cima um salão para baile e outros eventos.

Fomos bem recepcionados na secretaria, o prédio dispõe de boa estrutura, assim como outros prédios que abrigam órgãos públicos. Logo fomos para a sala que nos disponibilizaram, montamos os equipamentos e começamos os trabalhos, quando percebi que as abelhas começaram a chegar. Fiquei com vontade de ir ao banheiro e, como não tinha tomado banho, como disse no post anterior, resolvi ir para a pousada. Tomei AQUELE banho: demorado e quente do jeito que eu precisava.

Seguimos para o almoço, na pousada. Serviram arroz, carne de sol, feijão, sem salada. A carne de sol estava mais para carne de sal. Pedi um ovo frito, sem sal. Fiquei feliz, pois o ovo era caipira. Mas não voltamos mais a almoçar naquele lugar.

A tarde, após o expediente, fomos procurar um local para fazer um lanche. Achamos uma padaria e perguntamos que horas ia fechar. A funcionária respondeu que pelas 20h estaria fechando. Fomos para a pousada. Tomamos banho, dedetizei o local, e fomos lanchar. A padaria estava fechada, antes mesmo do horário que foi informado. Acabamos sabendo do bar do Teté, que serve-tira gosto e que durante o resto dos dias foi nossa salvação. Comemos uma galinha caipira, com pirão e arroz que estava uma delícia, exceto pela quantidade de insetos nos sobrevoava (besouros, formigas, pernilongos, enfim, todo o filo de artrópodes voadores). Insetos são artrópodes? Vou confirmar, depois escrevo aqui, mas acho que estou correto. Falando em artrópodes, ao chegar no, digamos, hotel, nos deparamos com algo surpreendente: o chão do quarto estava sendo invadido por uma família do MCSC (Movimento dos Carrapatos sem Cachorro... Devia ter umas três famílias de carrapatos reivindicando. Não preciso dizer que dedetizei o local (novamente) e todos morreram, alguns na base do tubo de inseticida mesmo, na porrada.

 (DIA 20) A noite foi até boa, consegui dormir até bem. O café da manha tinha basicamente as mesmas coisas do dia anterior, trocando as batatas por bananas e o bolo por tapioca. Fomos almoçar no Teté, e não conteceu nada demais durante o dia: papéis, abelhas, mais papéis, mais abelhas... e a descoberta que a colméia estava entre o forro e o telhado da sala em que estávamos trabalhando. A noite, voltamos à padaria e conseguimos encontrá-la aberta. Pedi um misto e um suco de maracujina (é assim que eles chamam o maracujá) e os colegas pediram hambúrguer. Reclamei que a maionese não estava na geladeira a alertei a senhorita que nos serviu sobre os problemas que isso pode causar. Acho que ela vai continuar guardando a maionese fora da geladeira. Pedi mais um misto e comentamos com a fulana que estivemos lá no dia anterior e que estava fechada e ela respondeu: “a gente fecha assim que acaba o pão...”. Certo! A padaria é dela... Ela fecha quando ela quiser... Já ia me esquecendo que fiz uma aventura... Eu fui acompanhar um motorista do transporte escolar que deixa uns alunos quilombolas na zona rural. O ônibus é um AGRALE, velho, financiado pelo Governo Federal. Fomos até uma região conhecida por Lajeiro, que tem esse nome por ser uma região seca e cheia de pedras. A paisagem é muito bonita, uma planície, com um vale verde no meio. A vegetação predominante é baixa, típica da zona de transição entre a caatinga e o sertão, como eles descreveram. Não sei se posso, geograficamente, classificar assim. E, no vale, predomina a vegetação mais alta, parecida com a do cerrado mesmo. O solo é arenoso, com pedras soltas, de cor esverdeada, pois tem uma fonte de esmeraldas próxima à região. No vale tem uma cachoeira, chamada Cachoeira do Gelo, mas não dá pra ver de longe. O ônibus estava cheio de alunos, todos de pele negra. Somente o motorista é branco. Deixamos todos e voltamos, foi uma viagem longa, mas foi gratificante de ver que existem pessoas que, apesar de ter que andar duas horas a pé até chegar no local onde o transporte passa para encarar uma viagem de mais uma hora para chegar na escola, conseguem estudar. Ficamos sabendo que esta região que abriga essas famílias remanescentes de quilombo foi descoberta há pouco tempo, menos de quatro anos, e que eles (os quilombolas) não sabiam nem o que era escola. Os sinais de falta de contato são ainda perceptíveis como quando demonstram um misto acanhamento e encantamento ao conversar com um desconhecido, que se comporta, veste, fala e articula de maneira mais, digamos, metropolitana. Estou tentando ter muito cuidado ao escrever isso aqui, pois estou lidando com um tema que, infelizmente, é tabu para muitas pessoas, que muitas vezes não conseguem ou não tiveram a oportunidade de estar em contato, corpo-a-corpo, com a realidade nua a crua. Infelizmente o acesso a informação, educação e cultura, não só aquelas que tratam do passado, mas aquelas que trazem desenvolvimento, não estão disponíveis na mesma medida para todos, e a cor da pele é um fator importante nessa realidade. A preguiça – vale dizer: desassociada da cor da pele ou da região, até porque os gestores (negros ou branco) dos recursos públicos são os mais preguiçosos (afinal, estamos no Brasil) – também é um fator a ser considerado.

(DIA 21) Sim, nós trabalhamos sábado... Não jantamos. Dedetizei. Sem carrapatos desta vez.

(DIA 22 - DOMINGO) Acordei por volta de 11h, não tomei café, esperei o almoço no Teté. Comemos uma picanha assada, que estava uma delícia. Eu voltei pra pousada e lá fiquei até a hora do lanche. Dedetizei e fomos comer pastel: finalmente encontramos a pastelaria aberta. Eles têm uma receita curiosa de pastel: o feito de hambúrguer. O rapaz amassa o hambúrguer com um garfo, coloca os outros ingredientes e fecha o pastel pra fritar.

Voltei para a pousada pra ver o Fantástico e ir dormir.

(DIA 23) Carrapatos, café-da-manhã, blábláblá.

Como andei esse dia! Foi o dia das visitas às escolas.

O município de Mirangaba, em extensão territorial, é muito grande, e os povoados, distritos e vilas são distantes da sede do município. Visitei escolas que ficam mais perto do município vizinho que da sede. Fui a duas escolas pela manhã e conheci dois distritos do município. Um deles, o Taquarendí, é mais organizado e com o comércio melhor que a sede do município. O interessante é a mudança de paisagens durante os percursos. Pela manhã visitei uma região mais próxima do que eles chamam de sertão, onde só chove somente em um período do ano, que eles chamam de “inverno”, mas, na verdade é verão. A tarde, visitei regiões de sertão e outra mais próxima da caatinga, que tem dois períodos chuvosos, que eles chama de inverno e trovoada. É perceptível a diferença de vegetação, solo e temperatura dos dois locais. A região que parece mais com a caatinga tem tempreatura mais amena.

Cheguei à secretaria tostado e sujo. Acho que dava pra tirar terra dos orifícios da minha cabeça suficiente pra construir uma casa. Só consegui tomar (AQUELE) banho às 20h, quando terminamos os trabalhos de segunda. Após o expediente e o meu banho, dedetizei o local e fomos procurar algo pra forrar o estômago, pois não estávamos com fome e nos indicaram o bar do Zé, pois já tinha acabado o pão da padaria e o pastel não deu as caras.

No boteco do Zé, ocorreram coisas engraçadas

Primeiro ficamos sem saber o que comer, traumatizados depois de ter visto em dias anteriores em um dos botecos da praça sanduíches de carne moída e de salsicha que estavam na estufa há dois dias (depois trocaram os sanduíches por pedaços de requeijão embolorado, aff!). Depois resolvemos ver o que tinha pra comer. O colega se encarregou da entrevista:

- O que tem pra comer aí?

- Tem pastel.

- Tem pastel de que?

- Carne, frango e hambúrguer.

- E como é esse pastel? É frito?

- Não, é assado...

- Tá na geladeira?

- Não, ele ta nsoekdlfjvmvieq0...

- E como é feito esse pastel?

- É feito aqui mesmo...

- E ele foi assado agora?

- Ele foi assado gsusewjdnfreoioaisd...

- O senhor vai esquentá-lo agora?

- Não, ele já ta pronto, porque hduahdudheuihduiweh...

- Meus colegas não querem pastel e eu não vou comer sozinho, então me vê um suco... Tem de que?

- Maracujina, goiaba e acerola.

- Me dê uma de maracujina... E um pastel, resolvi comer um pastel pra fazer inveja aos colegas...

- Quer maionese?

- Como é essa maionese? É sachê? Ou é no tubo?

- É maionese caseira.

- Não, obrigado...

E o corajoso comeu o pastel. Eu me contentei com o suco de maracujina.

Nesse período surge no boteco um senhor dizendo:

- Zé, Tem brevidade?

- Tem não!

- Então me dê uma bala!

E começou a contar sobre parte de sua “estada” em São Paulo. A impressão é que todo mundo em Mitangaba já morou em São Paulo ou pretende ir para lá.

Depois descobrimos que o senhor “brevidade” é o pai da primeira dama.

Voltamos para o hotel e nos deparamos com o MCSC de novo, com novas famílias reivindicando e muitas borrifadas e sapatadas e “tubadas” nos membros do motim. Ainda bem que era a última noite. Fomos para a secretaria finalizar os trabalhos para pegarmos a estrada para Queimadas.

A viagem foi boa, apesar de ter brigado com o motorista pra ele pegar leve. A cidade, à primeira vista, é bem mais organizada e desenvolvida que Filadélfia e Mirangaba. É mais antiga também. As ruas são calçadas com pedras. Nos dirigimos à secretaria de educação, nos apresentamos, pedimos sugestão de hospedagem, nos alojamos e voltamos para a secretaria, que é perto do hotel, para uma reunião. A hospedagem, apesar de ser meio improvisada também, é melhor: aqui é um h(m)otel, com ar condicionado e TV (parabólica) e o chuveiro não é elétrico, mas a água é boa. Tomei (AQUELE) banho. Dedetizei o local, Saímos para comer um pizza, tropeçamos num acarajé, que o colega comeu e achamos a pizza e voltamos para descansar.

Uma observação me chamou atenção: nas três cidades o povo tem mania de vestir abadá. Será que eles ficam de abadá o ano todo esperando a micareta ou o carnaval? Será que ficam com preguiça de tirar o abadá, já que vai ter outro carnaval mesmo... Mirangaba tem um agravante que pude observar: a maioria dos que estão de abadá, estão desempregados. Espero que aqui em Queimadas seja diferente.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Simplesmente não escrevi sobre a viagem ao Tocantins, no fim de 2008.

Mas é fácil: foi UÓ!

Bahia, primeira semana.

Primeira semana: Filadélfia e Mirangaba.

A viagem até Recife foi tranqüila, saímos de Brasília às 9h30min e chegamos no horário previsto, por volta das 12h. A GOL serviu duas torradas com requeijão (polenguinho) e as bebidas de sempre e o avião era dos novos. No aeroporto de Brasília comprei o livro “Soldados não choram” para ler durante o vôo, achei caro, mas comprei mesmo assim, e valeu à pena, porque o livro me fez esquecer que estava em um avião. Só não o li numa sentada só porque precisei ir ao banheiro e também porque não deu tempo de ler tudo até Recife.

Em Recife pousamos e ficamos perdidos, já que não tinha nenhum funcionário da GOL ou da Infraero para nos apontar a saída. Almoçamos (eu comi um Subway) e esperamos o vôo da conexão para Petrolina. O aeroporto de Recife tem um formato curioso: disseram-me que ele foi inspirado num barco, mas me parece mais outra coisa, quem tiver curiosidade de procurar no Google, entenderá o que estou querendo dizer mas, por dentro, é um aeroporto bonito, cheio de propagandas do Estado.

Saímos de Recife às 13h20min, com destino a Petrolina, pela GOL também, e na janela (sempre acontece de eu ficar na janela e nunca peço), só que num avião velho. A viagem normal tem previsão de 1h de vôo. Terminei de ler o livro em 15 minutos e o resto do tempo foi de ansiedade e agonia... Ele serviram um cookie e as bebidas de sempre. O vôo foi uma eternidade psicológica, e pra melhorar o avião ficou voando em círculos sobre Petrolina e tive a impressão de que houve algum defeito no trem de pouso, já que ele foi baixado duas vezes. Imaginei também que o piloto não conseguia diminuir a altura. Estava muito estranho... Mas graças a Deus o avião começou a perder altura (dentro da normalidade para um pouso) e aterrisamos. A aterrisagem serviu para eu ter certeza de que algo estava errado, já que o avião deu uma bambeada.

Ao descer do avião senti o calor insuportável de Petrolina/Juazeiro. Ainda bem que não ficamos muito tempo lá. Nosso motorista já estava nos esperando para nos levar para Filadélfia.

Petrolina-PE e Juazeiro-BA, se não se confundem, se confundiriam. O que divide as cidades (e os estados) é uma ponte sobre o Rio São Francisco.

A viagem até Filadélfia foi tranqüila, o motorista foi devagar e chegamos bem na cidade após 2h30min de estrada.

Já na entrada, percebe-se que é uma cidade pequena e sem estrutura. Ao chegar na hospedaria fiquei desesperado. Trata-se de um restaurante/lanchonete/mercadinho/lan-house, na beira da estrada, em um bairro chamado Jacaré, ao lado de um posto de gasolina, onde os caminhoneiros param para jantar e tomar banho. Disseram-nos que era o melhor lugar da cidade para dormir (nem tentei imaginar o pior).

O local era um salão, dividido em dois: no lado direito o restaurante, com um balcão de madeira em L, com uma pia e utensílios domésticos, antes da entrada para a parte de dentro do balcão tinha um armário, com mais utensílios jogados de qualquer jeito, encostado numa parede com uma abertura em arco para a cozinha, por onde os pratos eram entregues à funcionária que serve os clientes; a cozinha era um nojo, panelas sujas, tudo engordurado, parecia uma oficina mecânica de beira de estrada... Do lado direito tinha um balcão refrigerado onde estavam os refrigerantes e os doces fabricados pela proprietária do estabelecimento (tinha doces de goiaba em pasta, em pedaços, coalhada de três dias, gelatina, de jaca...), não ousei experimentar, logo saberão porque. Atrás do balcão tinham prateleiras com as mercadorias da mini-mercearia, depois uma mesa de escritório com um computador e uma multifuncional e atrás uma entrada para a lan house, com cabines que pareciam as de loja de vídeo erótico do CONIC. Na parte de trás do salão, entre os dormitórios e o restaurante e atrás e à esquerda da cozinha, ficavam quatro cabines: dois sanitários e dois chuveiros frios, e um lavatório externo que era onde todo mundo tomava banho (hóspedes e quem mais quisesse usar) e só era limpo pela manhã. Então imagine a nojeira que era aquilo a noite quando chegávamos do trabalho para usar o chuveiro. Os sanitários eu nem ousei passar perto para não pegar uma micose. Fazia meus serviços na secretaria de educação mesmo. Na parte do dormitório onde ficamos também tinha um banheiro, mas o vaso não funcionava e o chuveiro era frio e fraco, mas dava pra usar o lavatório pra escovar os dentes. O papel higiênico era da marca “Devolve meu cu!”. O quarto tinha três camas, era apertado e abafado, com um ventiladorzinho de chão para o calor insuportável. Entre os quatro dormitórios tinha uma saleta com uma TV e uma mesa redonda, cadeiras e uma cadeira de balanço de ferro enferrujado, mas tudo funcionava. Dedetizei (sempre levo meus inseticidas e repelentes) o local e fomos jantar. O cardápio tinha várias “opções”. Café completo: arroz, ovos, cuzcuz, carne, salada. Janta: era o café completo com feijão. A atendente era a preguiça em pessoa e uma das donas do local se sentou conosco para jantar e conversar. Era uma figura atípica, falante demais, rápida, de frases curtas e com um sotaque particular, muito engraçada. O melhor foi ela reclamar do tédio da cidade e que não tem nada pra fazer lá e conseguiu emendar que trabalha com ensino fundamental. Fomos (tentar) dormir. O café da manhã era cuzcuz, ovos, pão, carne, arroz e salada, leite (em jarra de plástico: aaaarrrrrghhh!) e café. Comemos só o cuzcuz, o pão e os ovos. Levo sempre comigo meu chá. O motorista chegou para nos levar até a secretaria e lá começamos o trabalho. O pessoal foi receptivo, gostei da simplicidade do pessoal da secretaria. No almoço fomos para o local da hospedagem. O cardápio era o mesmo: carne, arroz, cuzcuz, feijão, salada... O “assador” da carne é o mesmo que faz o suco, estava todo suado, e servindo os fregueses. A dona do lugar tinha chegado do hospital com seu uniforme de enfermeira e estava lidando na cozinha e no atendimento... Por isso não ousei provar os doces. O mexido de chuchu com carne assada temperada e moída foi preparado por um senhor de aparência suja e sem luvas, que secava o suor com as mãos e pegava na carne para colocar no moedor, e andava arrastando os pés no chão, sempre sem camisa. Enfim, nota-se aquela falta se senso estético e de zelo, sobretudo higiene, que já havia comentado em outra ocasião. Não é nenhuma referencia ao povo baiano, pois já notei isso em muitos lugares que já visitei como o Maranhão e Pernambuco. Mas a preguiça (ou seria alienação?) é um mal brasileiro mesmo. Um lugar onde se recebem hóspedes deveria ser no mínimo limpo, sem excrementos de lagartixas e moscas por todos os lados. Deveria ser mais agradável aos olhos, mas é tudo feito de qualquer jeito, sem planejamento, com dormitórios sem janelas, abafados e mofados pela umidade.

No segundo dia resolvemos procurar outro local pra almoçar, também não foi muito agradável, mas foi um pouco melhor. No terceiro e último dia nos indicaram uma comida caseira que valeu a pena, pois o lugar era limpo, sem moscas e a comidinha bem feita. Pena que não nos indicaram este lugar, o restaurante do Sr. Lelão antes. Terminamos os trabalhos à tarde e partimos para Mirangaba.

Chegamos em Mirangaba entre 20h e 21h. A cidade fica mais alta, em terreno mais acidentado e clima mais ameno. A viagem durou quase 3h, mas foi tranqüila também. Achamos a hospedagem em frente ao Banco do Brasil e nosso local de trabalho, o que é muito bom, pois ficamos independentes de motorista e podemos ir para a pousada na pra usar o banheiro. As condições de pousada aqui poderiam ser melhores caso o prédio não estivesse em reforma. Trata-se de uma pensão de uma senhora, que mora na frente e aluga quartos nos fundos. Os quartos mais novos têm banheiro, os mais antigos estão em reforma para que tenham banheiro também. Chegamos aos nossos aposentos. Um dormitório onde estão guardadas as camas e colchões dos quartos que estão sendo reformados, mas pelo menos o banheiro é individual e com chuveiro quente, com TV e um ventilador barulhento. Ao chegarmos fomos avisados que a casa estava em reforma e que havia faltado água na cidade, e que, por isso, a caixa d’água que abastece os banheiros dos fundos estava vazia, teríamos que tomar banho em um banheiro da frente até que a água voltasse. Resolvi esperar a água voltar e tomei banho só no outro dia. Mas um dos os colegas tomou banho no local onde foi indicado, o outro usou o banheiro da filha da dona do estabelecimento, com autorização. Dedetizei o quarto e fomos jantar. A comida estava boa e logo fomos dormir. O motorista, sob nossa orientação, passou a noite em Mirangaba e seguiu viagem cedo de volta a Filadélfia, pois achamos perigoso ele voltar à noite e sozinho. No outro dia, cedo, descobri que o local onde ele tomou banho é onde ficam os papagaios da dona do local, com uma bica que sai água da parede e a céu aberto. Ainda bem que não usei essa bica. Estava tudo bem com o dormitório até que nesta noite (de 19 para 20/03) apareceram os carrapatos...

Mirangaba parece cenário de novela de época. Tem uma praça em frente o Banco do Brasil, com uns bares. Tem muitos imóveis em obras aqui e os prédios públicos em geral têm uma estrutura muito boa para o porte da cidade. Não posso dizer o mesmo que disse sobre o senso estético que falta em Filadélfia, pois notei essa preocupação aqui. Não sei se é a proximidade de uma cidade grande (Jacobina) que torna as coisas mais fáceis. Notei também que eles gostam de pintar as fachadas dos imóveis com cores fortes, tipo laranja, verde, lilás, vermelho e turquesa. Acabei de conhecer o Umbu, uma fruta da região, até então só tomei do suco. É uma fruta de sabor doce e azedo, com casca dura, polpa verde (que lembra kiwi) e um caroço inteiriço (monocotiledônea, kkkk!), lembra sabor artificial de limão. É uma fruta gostosa. Nossa estada aqui está prevista para terminar na terça feira, mas acho que iremos embora antes. Não estamos tendo problemas com alimentação (ainda) e antes da ida para Queimadas devo escrever mais um pouco.

 

Em tempo: sinal de celular e internet aqui são artigos de luxo.