BLOLOLOG
sexta-feira, 3 de janeiro de 2014
LIVRO: Esquerda Caviar, de Rodrigo Constantino
sexta-feira, 21 de junho de 2013
Porque o Itamaraty?
quarta-feira, 19 de junho de 2013
segunda-feira, 8 de abril de 2013
Precisa-se de moderação: a inadequação do pensamento radical.
segunda-feira, 1 de abril de 2013
Reflexão sobre o voto nulo
Anular o voto é sim uma das possíveis manifestações da cidadania. É discordar de um sistema que favorece a corrupção em suas mais diversas facetas: loteamento de cargos para os infinitos aliados políticos, cabides de emprego, descontrole das despesas públicas... Até porque não temos instrumentos hábeis para retirar definitivamente da vida pública aqueles que profissionalizaram aquilo que deveria ser um encargo público e estão no exercício de cargo eletivo exclusivamente em benefício de interesses pessoais. Acho que o máximo de benefício que um eleito deveria ter seria a isenção de pagamento de alguns impostos.
Estamos presenciando uma crise nos sistemas político e eleitoral do Brasil que só tende a piorar. Reflexo disso é a notável dificuldade de se estabelecer uma governabilidade no mínimo aceitável, pois fizeram uma aliança gigantesca para as campanhas eleitorais e estão dividindo o bolo até agora, sendo que as campanhas eleitorais já começaram, mesmo que de maneira disfarçada.
Enfim, votar nulo é declarar-se contra essa realidade e provocar na sociedade e nos nossos representantes a reflexão de que a mudança, a reforma, a modernização do sistema eleitoral está cada vez mais imprescindível.
quinta-feira, 8 de março de 2012
QUANTO ÓDIO HÁ NO FUNDAMENTALISMO
QUANTO ÓDIO HÁ NO FUNDAMENTALISMO
Ao abrir esse link: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/brasil/2012/03/02/interna_brasil,291650/justica-concede-direito-a-casal-homoafetivo-de-registrar-a-filha.shtml há alguns dias fiquei muito angustiado com o futuro da humanidade. Entristece e preocupa o que alguns comportamentos e opiniões podem provocar na sociedade do futuro.
Trata-se de uma decisão judicial que favoreceu um casal homossexual concedendo-lhe o direito de registrar uma criança em nome dos dois. A menina é filha biológica de um deles, gerada por reprodução assistida, a partir de um óvulo doado no útero da prima de um deles. Ou seja, o registro de nascimento da Maria Tereza consta o nome de dois pais, sem uma mãe.
Mas o que me entristece não é o fato em si, é a reação de algumas pessoas nos comentários da matéria. Nota-se que o ódio e a intolerância parecem ser a regra entre nós, pois prevalecem sobre manifestações de afeto, de amor e solidariedade pelo próximo. Essa inversão de valores é nítida nos comentários e demonstra o quanto nossa sociedade é incoerente, mesquinha, medíocre e hipócrita.
Então vamos falar dela (sociedade)? Vamos aos fatos:
Indigna-me saber que um senhor que rasgou documentos de notas de escolas de samba foi preso, será processado e julgado enquanto as deputadas das bolsas e outros da mesma estirpe continuam sentados em suas cadeiras, tomando decisões em nome dos cidadãos eleitores.
Antes de nos preocuparmos com o que ocorre na esfera individual, na intimidade das pessoas, deveríamos nos preocupar com o que estão fazendo com o interesse coletivo, com o bem comum.
Indigna-me saber que um estádio superfaturado custará três vezes mais que o previsto e que sua obra funciona 24 horas por dia, enquanto faltam professores nas escolas, médicos nos hospitais, ônibus decentes nas ruas e sobram buracos nas vias.
O afeto, o carinho, a solidariedade e o respeito, definitivamente, não me indignam.
Indigna-me saber que um governo anuncia corte nos gastos alegando “responsabilidade fiscal” e logo depois cria (ou recria) mais uma secretaria para colocar nos cabides apadrinhados que ficaram sem cargo e gozarem de privilégios imorais.
Indigna-me saber que somos a 6ª economia mundial, mas há um abismo social que nos leva ao 84º lugar em IDH.
Indigna-me o desserviço prestado pelo Legislativo mais caro da América Latina. A concessão de direitos pelo judiciário não me indigna.
Indigna-me assistir, em pleno século XXI, na era da modernidade, e da informação, guerras (brancas ou vermelhas) motivadas por assuntos religiosos.
Indigna-me a banalização da violência, do sexo, de valores duvidosos, de práticas indecentes, do adultério, da traição, da mesquinharia, do egoísmo, dos preconceitos que se vê nas novelas e em outros programas de TV. Elas definitivamente passam bons exemplos de comportamento.
Imoral, indecente, pelo visto, é o que se percebe nas instituições: nossos governantes e “representantes” que negligenciam a res pública em favor de benesses e privilégios para poucos e do pão e circo para muitos. Uma prática comum desde a Roma antiga! Negligenciam, assim, nossos impostos, sucateiam a saúde, a educação, a segurança e o transporte (citando apenas o fundamental).
Indigna-me saber que líderes religiosos estão sentados em tronos de ouro, desde a Roma Antiga e até hoje, condenam e matam pessoas (literalmente ou socialmente) e ainda não fazem nada de concreto (distribuir parte da riqueza, por exemplo) para resolver ou ajudar a resolver problemas como a fome, a miséria, as epidemias...
Escândalos que envolvem indecência, imoralidade, descaso, omissão pipocam todos os dias na mídia e em instituições de todos os tipos, inclusive nas religiosas, nas políticas e nas famílias. Trago a tona os casos de corrupção, pedofilia e de crianças jogadas pela janela. Relevo também o 20º lugar do DF, onde fica a capital do país, na saúde; a falta de professores nas escolas, os factoides criados para arrochar a classe média, porém os apadrinhados continuam todos lá, ditando o que deve ser feito e gozando seus privilégios. Deveríamos, como capital, dar o exemplo.
Essa mesma mídia é também responsável por criar uma atmosfera de alienação com um vendaval de novelas, reality shows, sensacionalismo e de futebol. Programação que não contribui para a formação de cidadãos com senso crítico e capacidade de mudar o rumo do leme e navegar contra ou em outra correnteza.
Enquanto isso tudo acontece, uma criança será cercada de cuidados, carinho, atenção e poderá, como qualquer um de nós, ser uma cidadã de bem ou nem tão de bem assim, por assim dizer.
Vejo os fundamentalistas como vítimas de um sistema que privilegia o que é desimportante para o coletivo e faz com que vejam apenas o que não ultrapassa da esfera individual.
Alguns lerão isso aqui até o final, e alguns desses poderão pensar: “se ele tem essa opinião, deve ser gay”. Adianto a resposta da seguinte forma: defendo a fé, mas não sou religioso; defendo o veganismo, mas como carne; defendo a descriminalização da maconha, mas detesto qualquer tipo de cigarro; amo a Ivete, detesto o que ela faz; ouço rock e bossa nova, não sou metaleiro nem boêmio; acho a Adele chatíssima, mas ela faz música boa.
Outros poderão pensar: “é ateu”. Respondo: amo um Deus universal, não punitivo, não justo (justiça dá ideia de coerção, de sanção), amoroso, acolhedor, compreensivo. Mas não acredito em instituições e religiões dogmáticas.
Por sua vez, outros ainda poderão pensar: “é anarquista”. Da mesma forma, esclareço que defendo um governo ideal e não a falta dele. E, apesar de ver a família como uma instituição falida, respeito quem quer formar uma.
Para quem nasceu nu (lato sensu) e tem consciência disso, certos rótulos são desnecessários.
Diante de tudo isso, sinto-me um privilegiado por fazer parte de uma minoria capaz de ver com senso crítico a realidade e saber separar as coisas. Mas, por outro lado, me sinto como aquela andorinha sozinha: conivente com a situação, impotente e incapaz de mudar a realidade. E pior: um criminoso por permitir, com a minha impotência solitária que atos fundamentalistas motivados por preconceitos, ódio, desrespeito e intolerância vandalizem e tornem anormal e inconcebível a simplicidade e a verdade do que há de mais humano que é o exercício de atos de amor. Falta-nos altruísmo, atitude, respeito, iniciativa e força de vontade e, por isso, está cada vez mais difícil ser cidadão, brasiliense, brasileiro e humano.