terça-feira, 27 de maio de 2008

Balanço geral

Já de volta a Brasília, posso fazer um balanço da viagem:

O que dinheiro nenhum paga:

- A felicidade das pessoas, mesmo vivendo em condições precárias;
- Ver outras formas de se viver feliz;
- Tambaqui e Matrinxã em Lábrea;
- O Baré;
- Ficar surpreso com a quantidade de crianças nas escolas;
- A aventura de barco, apesar do medo;
- Ver Brasília a noite do alto é fantástico;
- Ter estado no meio da Floresta Amazônica;
- Não pegar celular em Lábrea;
- O serviço de bordo da Trip.

O que ninguém merece:

- Pisar em cocô de cachorro em Tefé;
- Os urubus em Lábrea e em Tefé, e os cachorros doentes em Tefé;
- O calor que faz em Manaus;
- Não pegar celular em Lábrea;
- O Hotel Solimões;
- A falta de chuveiro elétrico;
- A barulheira das motos em Tefé;
- Ter ficado com dor de barriga;
- O serviço de bordo da Gol;
- Os serviços de Tefé (atendimento em restaurantes, lojas, hotéis).

Balanço geral

Já de volta a Brasília, posso fazer um balanço da viagem:

O que dinheiro nenhum paga:

- A felicidade das pessoas, mesmo vivendo em condições precárias;
- Ver outras formas de se viver feliz;
- Tambaqui e Matrinxã em Lábrea;
- O Baré;
- Ficar surpreso com a quantidade de crianças nas escolas;
- A aventura de barco, apesar do medo;
- Ver Brasília a noite do alto é fantástico;
- Ter estado no meio da Floresta Amazônica;
- Não pegar celular em Lábrea;
- O serviço de bordo da Trip.

O que ninguém merece:

- Pisar em cocô de cachorro em Tefé;
- Os urubus em Lábrea e em Tefé, e os cachorros doentes em Tefé;
- O calor que faz em Manaus;
- Não pegar celular em Lábrea;
- O Hotel Solimões;
- A falta de chuveiro elétrico;
- A barulheira das motos em Tefé;
- Ter ficado com dor de barriga;
- O serviço de bordo da Gol;
- Os serviços de Tefé (atendimento em restaurantes, lojas, hotéis).

Dia 25 - O retorno

Depois de mais uma noite sem dormir direito naquele hotel chechelento em Manaus e na companhia de um colega roncando me levantei para trabalhar mais um pouco. Tínhamos que entregar um documento a um ex-prefeito de Tefé que se encontrava em Manaus. Impressionate como o cara "chorava"... Depois da reunião como distinto fomos tomar café. Diferente do café da manhã em Tefé, era um café bem farto (o que deixa o hotel menos desprestigiado). Fomos andar na feirinha e nos dividimos em dois grupos: um foi trocar um DVD e outro, que eu fiquei, foi ao banco. O pessoal resolveu ir a um clube almoçar e eu resolvi ficar no hotel com o colega pra descansar um pouco e arrumar a bagagem. Demos mais uma volta na feirinha, compramos uns cacarecos, procuramos eletrônicos baratos em vão e fomos andar no porto. Lá tinha um navio de cruzeiro enorme, bem luxuoso, chamado "Grand Amazon" que acredito ser o hotel flutuante dos turistas gringos. Voltamos ao hotel. Por volta das 13h saímos pra procurar algo para comer que fosse agradável. Na feirinha era impossível. A comida era feita com certeza no dia anterior e levada para lá em potes nojentos de plástico. Já estava tudo revirado. Perguntando a um e outro chegamos a uma cantina italiana (Ristorante Fiorentina) de comida caríssima (R$40,00 o buffet ou a média de R$20,00 a la carte), mas diziam que o prato era farto e pedimos um para dividir por dois. O restaurante é bem bonito, agradável, climatizado e a comida é muito boa. Foi a melhor refeição desde que saímos de Lábrea: comemos um gnochi ao molho branco com queijo e presunto. A massa estava uma delícia e molho bem suave. Voltamos ao hotel, tomei um banho e esperei a hora de ir ao aeroporto, já que já tinha acertado a conta do hotel. Conseguimos um taxi mais em conta e enfrentamos a fila do check-in que estava enorme. Fiquei com medo do vôo atrasar, mas deu tudo certo. Chegamos a Brasília no horário previsto sentindo um friozinho e o cheiro bom de cidade grande. Cheguei em casa e corri na padaria que tinha acabado de fechar, mas deixaram eu entrar pra comprar. Foi tão bom! Estava com saudade de um pão bem feito e uma padaria limpa, da minha casa, do meu chuveiro, da minha cama, da minha colcha de retalho e do cobertor felpudo, do meu bichinho (achei ele gordo). Lanchei, tomei banho e dormi para mais um dia de trabalho.

Dia 25 - O retorno

Depois de mais uma noite sem dormir direito naquele hotel chechelento em Manaus e na companhia de um colega roncando me levantei para trabalhar mais um pouco. Tínhamos que entregar um documento a um ex-prefeito de Tefé que se encontrava em Manaus. Impressionate como o cara "chorava"... Depois da reunião como distinto fomos tomar café. Diferente do café da manhã em Tefé, era um café bem farto (o que deixa o hotel menos desprestigiado). Fomos andar na feirinha e nos dividimos em dois grupos: um foi trocar um DVD e outro, que eu fiquei, foi ao banco. O pessoal resolveu ir a um clube almoçar e eu resolvi ficar no hotel com o colega pra descansar um pouco e arrumar a bagagem. Demos mais uma volta na feirinha, compramos uns cacarecos, procuramos eletrônicos baratos em vão e fomos andar no porto. Lá tinha um navio de cruzeiro enorme, bem luxuoso, chamado "Grand Amazon" que acredito ser o hotel flutuante dos turistas gringos. Voltamos ao hotel. Por volta das 13h saímos pra procurar algo para comer que fosse agradável. Na feirinha era impossível. A comida era feita com certeza no dia anterior e levada para lá em potes nojentos de plástico. Já estava tudo revirado. Perguntando a um e outro chegamos a uma cantina italiana (Ristorante Fiorentina) de comida caríssima (R$40,00 o buffet ou a média de R$20,00 a la carte), mas diziam que o prato era farto e pedimos um para dividir por dois. O restaurante é bem bonito, agradável, climatizado e a comida é muito boa. Foi a melhor refeição desde que saímos de Lábrea: comemos um gnochi ao molho branco com queijo e presunto. A massa estava uma delícia e molho bem suave. Voltamos ao hotel, tomei um banho e esperei a hora de ir ao aeroporto, já que já tinha acertado a conta do hotel. Conseguimos um taxi mais em conta e enfrentamos a fila do check-in que estava enorme. Fiquei com medo do vôo atrasar, mas deu tudo certo. Chegamos a Brasília no horário previsto sentindo um friozinho e o cheiro bom de cidade grande. Cheguei em casa e corri na padaria que tinha acabado de fechar, mas deixaram eu entrar pra comprar. Foi tão bom! Estava com saudade de um pão bem feito e uma padaria limpa, da minha casa, do meu chuveiro, da minha cama, da minha colcha de retalho e do cobertor felpudo, do meu bichinho (achei ele gordo). Lanchei, tomei banho e dormi para mais um dia de trabalho.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Dia 24 de maio – Depois da tempestade vem...

Mais um dia de calor... Apesar de ser sábado, tivemos que voltar à secretaria no horário combinado (8h) com o “simpático” Secretário de Finanças e cunhado do prefeito. O pessoal atrasou e eu resolvi adiantar-me e ir... Subi no mototaxi, avisei que ao piloto que o meu santo era de barro e fui! Cheguei lá às 8h em ponto pra depois ninguém reclamar comigo de pontualidade. Terminamos o trabalho penoso e por volta das 10h, fizemos uma reunião de avaliação e fomos para onde? Para o “point” Panorama Hotel... O pessoal resolveu alugar um carro para dar uma volta pela cidade antes de irmos embora e eu e a colega resolvemos ficar na cidade. Fiquei sabendo que eles resolveram ir a um clube. Eu e a colega fomos almoçar no restaurante Tabatinga. O lugar parecia uma estufa! Um restaurantezinho encardido, bem mal encarado mesmo! Comi e fiquei me sentindo mal, pois fazer uma caminhada naquele calor até o hotel onde estávamos hospedados não era fácil! Ao chegar ao hotel: banheiro! Afff! Ninguém merece! Tomei um banho, desci para acertar a conta, voltei ao quarto e cochilei um pouco até a hora de sair pro aeroporto. Acordei com o pessoal chegando do clube. Quando desci, a colega estava esperando por nós e observando o temporal que estava se formando. Resolvemos fazer duas viagens até o aeroporto com o carro alugado. O combinado era fazer a primeira, descarregar, passar no hotel, pegar o dono do carro e fazer a segunda viagem, mas já estávamos com o tempo curto. Fui na primeira leva, lógico! Colocamos as malas no carro debaixo de chuva forte... Chegamos ao aeroporto e a tempestade na mesma toada... Percebemos que não dava tempo de passar no hotel para devolver o carro. Lavei minhas mãos... Voltaram ao hotel e pegaram o restante do povo. Chegaram ao aeroporto sem saber o que fazer com o carro. E a chuva caindo. Até que resolveram ligar para o Panorama e chamar a atendente (no bom e no mau sentido) para ir para o aeroporto ficar com a chave caso não conseguissem falar com o dono e ligaram pro dono ir buscar o carro. Conseguiram só depois que o avião pousou e não sei que fim tomou a novela da devolução do carro. Pareceu mágica (ou minha oração deu resultado): foi só o avião pousar (ele já vinha de outra cidade) e o céu abriu. Chegamos a Manaus depois de uma hora e meia (com uma escala em Coari e uma briga pelo preço do táxi no aeroporto) e não saí mais do hotel. Dormi depois de um China In Box.

Dia 24 de maio – Depois da tempestade vem...

Mais um dia de calor... Apesar de ser sábado, tivemos que voltar à secretaria no horário combinado (8h) com o “simpático” Secretário de Finanças e cunhado do prefeito. O pessoal atrasou e eu resolvi adiantar-me e ir... Subi no mototaxi, avisei que ao piloto que o meu santo era de barro e fui! Cheguei lá às 8h em ponto pra depois ninguém reclamar comigo de pontualidade. Terminamos o trabalho penoso e por volta das 10h, fizemos uma reunião de avaliação e fomos para onde? Para o “point” Panorama Hotel... O pessoal resolveu alugar um carro para dar uma volta pela cidade antes de irmos embora e eu e a colega resolvemos ficar na cidade. Fiquei sabendo que eles resolveram ir a um clube. Eu e a colega fomos almoçar no restaurante Tabatinga. O lugar parecia uma estufa! Um restaurantezinho encardido, bem mal encarado mesmo! Comi e fiquei me sentindo mal, pois fazer uma caminhada naquele calor até o hotel onde estávamos hospedados não era fácil! Ao chegar ao hotel: banheiro! Afff! Ninguém merece! Tomei um banho, desci para acertar a conta, voltei ao quarto e cochilei um pouco até a hora de sair pro aeroporto. Acordei com o pessoal chegando do clube. Quando desci, a colega estava esperando por nós e observando o temporal que estava se formando. Resolvemos fazer duas viagens até o aeroporto com o carro alugado. O combinado era fazer a primeira, descarregar, passar no hotel, pegar o dono do carro e fazer a segunda viagem, mas já estávamos com o tempo curto. Fui na primeira leva, lógico! Colocamos as malas no carro debaixo de chuva forte... Chegamos ao aeroporto e a tempestade na mesma toada... Percebemos que não dava tempo de passar no hotel para devolver o carro. Lavei minhas mãos... Voltaram ao hotel e pegaram o restante do povo. Chegaram ao aeroporto sem saber o que fazer com o carro. E a chuva caindo. Até que resolveram ligar para o Panorama e chamar a atendente (no bom e no mau sentido) para ir para o aeroporto ficar com a chave caso não conseguissem falar com o dono e ligaram pro dono ir buscar o carro. Conseguiram só depois que o avião pousou e não sei que fim tomou a novela da devolução do carro. Pareceu mágica (ou minha oração deu resultado): foi só o avião pousar (ele já vinha de outra cidade) e o céu abriu. Chegamos a Manaus depois de uma hora e meia (com uma escala em Coari e uma briga pelo preço do táxi no aeroporto) e não saí mais do hotel. Dormi depois de um China In Box.

Dia 23 de maio – Google, o salvador da Pátria.

Hoje amanheceu fazendo calor novamente e não choveu. Me levantei e fui tomar café. Ainda não estou 100% da dor de barriga, mas estou 95%. Fomos ao “escritório” para o ultimo dia de trabalho. Emiti mais uma notificação. No meio de manhã o colega apareceu com uma necessidade que iria nos tomar muito tempo, mas que deveria ser feita! Ninguém merece! Planejamos dividimos a equipe e fomos almoçar de mototaxi. Comemos num restaurantezinho bem mais pobre que o da Dona Florinda (a do Chaves mesmo), mas a comida estava bem melhor que a dos outros dias. Passamos pelo hotel e voltamos para o escritório de mototaxi. Todas as vezes que subi no mototaxi disse ao condutor que eu não estava com pressa. Continuamos o serviço braçal... E o tempo voou! Já era mais de 20h e ainda estvamos trabalhando. Os funcionários da secretaria estavam de tromba... Mas tínhamos que entregar o trabalho. Depois que terminei minha parte desci pra comprar um bolo pronto no mercadinho pro pessoal e para respirar. Quando voltei, a notícia: um dos colegas tinha perdido tudo, pois o arquivo tinha dado erro. E agora? Tentei recuperar e nada! E eu só ria... não conseguia pensar. Perguntei se tinha outros recursos instalados no PC e me disseram que não. Então sugeri deixar para amanhã e virei as costas. Foi quando me deu o “estalo”: migrar o documento corrompido pro Google Docs. Ufa! Deu certo. Passamos pela Lan House (porque o secretario de finanças estava para nos engolir porque já eram 20h) para exportar o documento para o Excel novamente... sucesso! Fiquei doido pra tomar uma caipirinha, mas fomos ao hotel antes, tomei meu banho e me arrumei pra matar minha vontade. Rodamos a cidade e nem limão tinha, quanto mais caipirinha... Comemos uma pizza tamanho GG (12 pedaços) e agora estou aqui trabalhando para encerrar amanhã o mais cedo possível.

Dia 23 de maio – Google, o salvador da Pátria.

Hoje amanheceu fazendo calor novamente e não choveu. Me levantei e fui tomar café. Ainda não estou 100% da dor de barriga, mas estou 95%. Fomos ao “escritório” para o ultimo dia de trabalho. Emiti mais uma notificação. No meio de manhã o colega apareceu com uma necessidade que iria nos tomar muito tempo, mas que deveria ser feita! Ninguém merece! Planejamos dividimos a equipe e fomos almoçar de mototaxi. Comemos num restaurantezinho bem mais pobre que o da Dona Florinda (a do Chaves mesmo), mas a comida estava bem melhor que a dos outros dias. Passamos pelo hotel e voltamos para o escritório de mototaxi. Todas as vezes que subi no mototaxi disse ao condutor que eu não estava com pressa. Continuamos o serviço braçal... E o tempo voou! Já era mais de 20h e ainda estvamos trabalhando. Os funcionários da secretaria estavam de tromba... Mas tínhamos que entregar o trabalho. Depois que terminei minha parte desci pra comprar um bolo pronto no mercadinho pro pessoal e para respirar. Quando voltei, a notícia: um dos colegas tinha perdido tudo, pois o arquivo tinha dado erro. E agora? Tentei recuperar e nada! E eu só ria... não conseguia pensar. Perguntei se tinha outros recursos instalados no PC e me disseram que não. Então sugeri deixar para amanhã e virei as costas. Foi quando me deu o “estalo”: migrar o documento corrompido pro Google Docs. Ufa! Deu certo. Passamos pela Lan House (porque o secretario de finanças estava para nos engolir porque já eram 20h) para exportar o documento para o Excel novamente... sucesso! Fiquei doido pra tomar uma caipirinha, mas fomos ao hotel antes, tomei meu banho e me arrumei pra matar minha vontade. Rodamos a cidade e nem limão tinha, quanto mais caipirinha... Comemos uma pizza tamanho GG (12 pedaços) e agora estou aqui trabalhando para encerrar amanhã o mais cedo possível.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Dia 22 de maio – A viagem de recreio naufragou

Acordei na dúvida se íamos trabalhar ou não, já que ontem voltei ao hotel sem ver todo mundo. Na hora do café descobri que íamos trabalhar um pouco hoje. O grupo foi dividido em três. Eu fui para a zona rural com o chefe para “ver” uma escola fantasma. Dois ficaram na cidade documentando. E três foram para as comunidades ribeirinhas. Combinamos de nos encontrar no “point” (o bar do hotel da confusão) para o almoço. O passeio foi mais tranqüilo, vimos escolas de estrutura excelente e muita melação ao prefeito atual. O prefeito daqui está para Tefé assim como o Roriz está para Brasília, daí dá pra imaginar como é por aqui: grandes obras, paternalismo, blá blá blá. Voltamos à cidade e fomos para o ponto de encontro. O pessoal não tinha chegado ainda e resolvemos dar uma volta e olhar o recreio (é o nome que eles dão ao barco que vai para Manaus). É um barco enorme. Ele estava sendo carregado com vários tipos de mercadoria: castanhas, alimentos, latas de tinta, tonéis com alguma coisa dentro. A carga vai dentro daquela parte do barco que fica submersa, abaixo do chão do navio (como se fosse o subsolo). No “térreo” tem uma espécie de pátio demarcado, o teto é uma grade onde o povo pendura as redes e onde ficam guardados os coletes salva-vidas. Esse pavimento é a “classe econômica” do barco, onde o povo viaja em redes e com as malas embaixo da rede. Me disseram que em épocas que o recreio sai com sua lotação máxima, ele carrega até 300 pessoas, então fica rede em cima de rede. Deve ser uma loucura. No segundo pavimento do barco tem uma área demarcada também para redes, mas é menor, e tem algumas suítes. As suítes são cabines bem pequenas e bem claustrofóbicas, a porta de entrada/saída é bem estreita, com ar condicionado, banheirinho bem apertado com o chuveiro em cima do vaso. Tem suítes com cama de casal, com beliches com cama de casal embaixo e cama de solteiro em cima, tem com beliche só de solteiro... No terceiro pavimento tem os camarotes (ou suítes), uma área de lazer e uma lanchonete com uma TV 29” coletiva. O preço: 300 reais o camarote ou 60 reais para ir na rede, mais 25 reais por uma rede nova. Quem viaja de rede deve sofrer mais com o calor e o ataque dos insetos, pois fica ao ar livre, fora ter que conviver com alguém que pode não estar muito cheiroso numa rede acima, abaixo, ou do lado. Acho que o canal é arranjar um local para armar a rede nos cantos da área demarcada. Só seio que vi pessoas chegando para garantirem os melhores lugares na hora do almoço e o barco só ia sair às 19h. Eu até encararia a volta para Manaus de recreio (de camarote, claro) para tentar adiantar minha volta a Brasília, mas o povo não quis. Voltamos ao ponto de encontro e o povo não tinha chegado ainda e resolvemos ir almoçar no restaurante da confusão do frango. Pedimos um filé. Estava bom, mas o atendimento é péssimo. De volta ao ponto de encontro. Enfim o pessoal estava lá. O povo almoçou por lá mesmo e ficamos por lá mesmo. Estava muito calor e eu não estava mais agüentando, até que resolvi voltar sozinho pro hotel. E o povo ficou no boteco. Fiquei no hotel até umas 16h, depois que a chuva passou e tirou as merdas de cachorro da rua, voltei para procurar o povo. Nem precisou, ainda estavam todos no “point”. Disse a eles que “adivinhei” que eles estavam lá e que se a gente tivesse combinado não teria dado certo de nos encontrarmos ali, naquele lugar. Fiquei lá um pouco, fui na lan house da rede de vice-prefeito e voltei ao “point” e o povo ainda estava lá com os pés feito raízes. Voltei ao hotel sozinho de novo. Fiquei mais esperando o povo me chamar pra ir comer alguma coisa. Sugeri uma pizza, mas ninguém me ouviu (como sempre). Fomos para a praça da cidade, num churrasquinho sujo. Não tive coragem de comer... Nem o Bruno. Fomos procurar uma pizza e achamos uma boazinha perto do hotel (putz, o hotel é longe do centro, quantas vezes fui e voltei ao hotel hoje...). O atendimento foi ótimo em vista dos serviços que encontramos na cidade. O nome do local é Trapiche Teen (já expliquei o que é trapiche, ou trapicho, em outro post), uma choupana de palafita bem arrumadinha, bem bonitinha, coberta de palha, com um palco no meio e uma cozinha de alvenaria ao lado. Pedimos uma metade frango com palmito e metade marguerita. Estava tudo bem tudo ótimo até que a pizza chega e a marguerita não tinha tomate. Reclamei com a dona super simpática que resolveu dar um super desconto de R$1,00. Conversei bastante com o colega sobre experiências da vida e foi a conversa mais produtiva que tive com alguém ate agora desde que fui pro FNDE. Resolvemos voltar ao hotel e por aqui mesmo vou ficar... To com saudade de casa... Não tenho nada pra falar da cidade hoje, acho que já detonei com o lugar o suficiente.

Dia 22 de maio – A viagem de recreio naufragou

Acordei na dúvida se íamos trabalhar ou não, já que ontem voltei ao hotel sem ver todo mundo. Na hora do café descobri que íamos trabalhar um pouco hoje. O grupo foi dividido em três. Eu fui para a zona rural com o chefe para “ver” uma escola fantasma. Dois ficaram na cidade documentando. E três foram para as comunidades ribeirinhas. Combinamos de nos encontrar no “point” (o bar do hotel da confusão) para o almoço. O passeio foi mais tranqüilo, vimos escolas de estrutura excelente e muita melação ao prefeito atual. O prefeito daqui está para Tefé assim como o Roriz está para Brasília, daí dá pra imaginar como é por aqui: grandes obras, paternalismo, blá blá blá. Voltamos à cidade e fomos para o ponto de encontro. O pessoal não tinha chegado ainda e resolvemos dar uma volta e olhar o recreio (é o nome que eles dão ao barco que vai para Manaus). É um barco enorme. Ele estava sendo carregado com vários tipos de mercadoria: castanhas, alimentos, latas de tinta, tonéis com alguma coisa dentro. A carga vai dentro daquela parte do barco que fica submersa, abaixo do chão do navio (como se fosse o subsolo). No “térreo” tem uma espécie de pátio demarcado, o teto é uma grade onde o povo pendura as redes e onde ficam guardados os coletes salva-vidas. Esse pavimento é a “classe econômica” do barco, onde o povo viaja em redes e com as malas embaixo da rede. Me disseram que em épocas que o recreio sai com sua lotação máxima, ele carrega até 300 pessoas, então fica rede em cima de rede. Deve ser uma loucura. No segundo pavimento do barco tem uma área demarcada também para redes, mas é menor, e tem algumas suítes. As suítes são cabines bem pequenas e bem claustrofóbicas, a porta de entrada/saída é bem estreita, com ar condicionado, banheirinho bem apertado com o chuveiro em cima do vaso. Tem suítes com cama de casal, com beliches com cama de casal embaixo e cama de solteiro em cima, tem com beliche só de solteiro... No terceiro pavimento tem os camarotes (ou suítes), uma área de lazer e uma lanchonete com uma TV 29” coletiva. O preço: 300 reais o camarote ou 60 reais para ir na rede, mais 25 reais por uma rede nova. Quem viaja de rede deve sofrer mais com o calor e o ataque dos insetos, pois fica ao ar livre, fora ter que conviver com alguém que pode não estar muito cheiroso numa rede acima, abaixo, ou do lado. Acho que o canal é arranjar um local para armar a rede nos cantos da área demarcada. Só seio que vi pessoas chegando para garantirem os melhores lugares na hora do almoço e o barco só ia sair às 19h. Eu até encararia a volta para Manaus de recreio (de camarote, claro) para tentar adiantar minha volta a Brasília, mas o povo não quis. Voltamos ao ponto de encontro e o povo não tinha chegado ainda e resolvemos ir almoçar no restaurante da confusão do frango. Pedimos um filé. Estava bom, mas o atendimento é péssimo. De volta ao ponto de encontro. Enfim o pessoal estava lá. O povo almoçou por lá mesmo e ficamos por lá mesmo. Estava muito calor e eu não estava mais agüentando, até que resolvi voltar sozinho pro hotel. E o povo ficou no boteco. Fiquei no hotel até umas 16h, depois que a chuva passou e tirou as merdas de cachorro da rua, voltei para procurar o povo. Nem precisou, ainda estavam todos no “point”. Disse a eles que “adivinhei” que eles estavam lá e que se a gente tivesse combinado não teria dado certo de nos encontrarmos ali, naquele lugar. Fiquei lá um pouco, fui na lan house da rede de vice-prefeito e voltei ao “point” e o povo ainda estava lá com os pés feito raízes. Voltei ao hotel sozinho de novo. Fiquei mais esperando o povo me chamar pra ir comer alguma coisa. Sugeri uma pizza, mas ninguém me ouviu (como sempre). Fomos para a praça da cidade, num churrasquinho sujo. Não tive coragem de comer... Nem o Bruno. Fomos procurar uma pizza e achamos uma boazinha perto do hotel (putz, o hotel é longe do centro, quantas vezes fui e voltei ao hotel hoje...). O atendimento foi ótimo em vista dos serviços que encontramos na cidade. O nome do local é Trapiche Teen (já expliquei o que é trapiche, ou trapicho, em outro post), uma choupana de palafita bem arrumadinha, bem bonitinha, coberta de palha, com um palco no meio e uma cozinha de alvenaria ao lado. Pedimos uma metade frango com palmito e metade marguerita. Estava tudo bem tudo ótimo até que a pizza chega e a marguerita não tinha tomate. Reclamei com a dona super simpática que resolveu dar um super desconto de R$1,00. Conversei bastante com o colega sobre experiências da vida e foi a conversa mais produtiva que tive com alguém ate agora desde que fui pro FNDE. Resolvemos voltar ao hotel e por aqui mesmo vou ficar... To com saudade de casa... Não tenho nada pra falar da cidade hoje, acho que já detonei com o lugar o suficiente.

Dia 21de maio – O dia sem fim

Acordei bem melhor. Hoje amanheceu muito calor, nem o ar condicionado estava dando conta da temperatura. Tomei meu café, fui ao banheiro e fomos pro local de trabalho. Pelo jeito ainda vou continuar indo ao banheiro algumas vezes hoje, mas estou bem melhor. Pelo menos não é mais dor de barriga “tempestade completa”. Desde ontem o pessoal está querendo voltar a Manaus de barco: sair daqui na quinta e chegar lá no sábado pela manhã... A equipe foi dividida: um grupo foi para a zona rural (ribeirinha) e o outro ficou no “escritório”. Eu fiquei no segundo grupo, até porque ainda estava um pouco mal. Hoje não fizemos muitas coisas, já que os trabalhos de análise de documentos estavam bem adiantados. Fiz bastante coisa na Internet e conferi algumas pendências de trabalho. Fui almoçar um pouco: comi um peixe frito bem sequinho, arroz branco e farofa. No meio da tarde tomei um coco ouro gelado enorme no caminho para o barco que iríamos para Manaus, mas ele não estava encostado no porto, estava chegando a um armazém que fica na margem oposta. É um barco enorme e eu acho que encararia a viagem sim. Tinha um navio da marinha ancorado e conversei com um marinheiro tão simpático que chegava a ser prolixo: ele disse 5 palavras sem sequer franzir a testa. Agradeci e fui embora, mas tirei foto do navio. Passamos pela feira na volta, desta vez ela estava cheia. O pessoal comprou tucupi e algumas frutas. Vi algumas frutas diferentes das quais não lembro o nome, mas antes de voltar a Manaus vou lá perguntar o nome e experimentar TODAS! Encontramos muito peixe barato. Aqui o peixe não tem muito valor, não só porque o rio está a 50 metros do mercado, mas porque o povo não dá muito valor mesmo, pois é o comum aqui. Tinha tambaqui a 5 reais o quilo, tinha 3 peixes por R$10,00. Mas para ir à feira não tem que parecer um nativo, porque se os vendedores percebem que o cliente é de fora eles salgam o preço. Comprei dois souvenires (não é cocô de cachorro, nem urubu... é bonitinho!) Voltamos ao “escritório”, esperamos o pessoal voltar da aventura. Voltaram dizendo que o plano de voltar para Manaus de barco naufragou, pois voltaram da viagem cheios de pendências. Dividimos a equipe novamente: uma para planejar as pendências da aventura e a outra para a reunião com conselheiros. Fiquei no segundo grupo. Comemos um peixe no espetinho. A reunião começou às 19h30min e acabou por volta das 20h30min. Voltei ao hotel pra descansar um pouco, o dia de ontem não foi fácil e o de hoje também não. Pelo menos só fui ao banheiro no início da manhã, tomei um banho demorado (a água tava até boa). Mais sobre a cidade: pelo jeito aqui no interior do Amazonas encontrar saneamento básico decente é o mesmo que encontrar chifre em cabeça de cavalo. Tanto em Lábrea como aqui em Tefé não tem rede de esgoto. A diferença é que Tefé é uma cidade bem maior. Coloquei fotos de Manaus no Orkut, depois vou colocar das outras cidades e fazer as legendas. Por hoje é só. Vou descansar. Amanhã é feriado e não sei como vai ser: se vamos trabalhar ou não.

Dia 21de maio – O dia sem fim

Acordei bem melhor. Hoje amanheceu muito calor, nem o ar condicionado estava dando conta da temperatura. Tomei meu café, fui ao banheiro e fomos pro local de trabalho. Pelo jeito ainda vou continuar indo ao banheiro algumas vezes hoje, mas estou bem melhor. Pelo menos não é mais dor de barriga “tempestade completa”. Desde ontem o pessoal está querendo voltar a Manaus de barco: sair daqui na quinta e chegar lá no sábado pela manhã... A equipe foi dividida: um grupo foi para a zona rural (ribeirinha) e o outro ficou no “escritório”. Eu fiquei no segundo grupo, até porque ainda estava um pouco mal. Hoje não fizemos muitas coisas, já que os trabalhos de análise de documentos estavam bem adiantados. Fiz bastante coisa na Internet e conferi algumas pendências de trabalho. Fui almoçar um pouco: comi um peixe frito bem sequinho, arroz branco e farofa. No meio da tarde tomei um coco ouro gelado enorme no caminho para o barco que iríamos para Manaus, mas ele não estava encostado no porto, estava chegando a um armazém que fica na margem oposta. É um barco enorme e eu acho que encararia a viagem sim. Tinha um navio da marinha ancorado e conversei com um marinheiro tão simpático que chegava a ser prolixo: ele disse 5 palavras sem sequer franzir a testa. Agradeci e fui embora, mas tirei foto do navio. Passamos pela feira na volta, desta vez ela estava cheia. O pessoal comprou tucupi e algumas frutas. Vi algumas frutas diferentes das quais não lembro o nome, mas antes de voltar a Manaus vou lá perguntar o nome e experimentar TODAS! Encontramos muito peixe barato. Aqui o peixe não tem muito valor, não só porque o rio está a 50 metros do mercado, mas porque o povo não dá muito valor mesmo, pois é o comum aqui. Tinha tambaqui a 5 reais o quilo, tinha 3 peixes por R$10,00. Mas para ir à feira não tem que parecer um nativo, porque se os vendedores percebem que o cliente é de fora eles salgam o preço. Comprei dois souvenires (não é cocô de cachorro, nem urubu... é bonitinho!) Voltamos ao “escritório”, esperamos o pessoal voltar da aventura. Voltaram dizendo que o plano de voltar para Manaus de barco naufragou, pois voltaram da viagem cheios de pendências. Dividimos a equipe novamente: uma para planejar as pendências da aventura e a outra para a reunião com conselheiros. Fiquei no segundo grupo. Comemos um peixe no espetinho. A reunião começou às 19h30min e acabou por volta das 20h30min. Voltei ao hotel pra descansar um pouco, o dia de ontem não foi fácil e o de hoje também não. Pelo menos só fui ao banheiro no início da manhã, tomei um banho demorado (a água tava até boa). Mais sobre a cidade: pelo jeito aqui no interior do Amazonas encontrar saneamento básico decente é o mesmo que encontrar chifre em cabeça de cavalo. Tanto em Lábrea como aqui em Tefé não tem rede de esgoto. A diferença é que Tefé é uma cidade bem maior. Coloquei fotos de Manaus no Orkut, depois vou colocar das outras cidades e fazer as legendas. Por hoje é só. Vou descansar. Amanhã é feriado e não sei como vai ser: se vamos trabalhar ou não.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Dias 19 e 20

Dia 19 de maio – Tão perto... Tão longe...

Pelo jeito não vou parar de comparar Lábrea com Tefé! Acho que a melhor parte desta cidade é mesmo o aeroporto. Hoje começamos a rotina de trabalho depois de um café da manhã pobre no hotel. Não serviram frutas, o leite estava frio e o café... Nem sei do café! Tinha suco de goiaba e de buriti. Tinha queijo, um pão estranho, presunto e margarina. E a mulher ainda achou ruim quando eu pedi pra ela esquentar água pro meu chá! Depois do café, fomos para a Prefeitura. Agora somos um grupo maior, estamos em 7 pessoas. Aqui as pessoas têm que andar olhando pro chão pra não ser surpreendido por um cocô ou um bêbado ou um cachorro sarnento, curubento, pestilento, nojento. Estou achando esta cidade horrível! Passaria mais um mês em Lábrea tranqüilamente. Aqui é uma cidade sem lei, e pelo jeito sem prefeito: as pessoas andam de moto, diria que 90% do transporte é moto. Quase ninguém usa capacete. Tem moto que carrega 4 pessoas. Tem menores que pilotam motos. Vi gente carregando um na garupa que carregava uma criança de colo em cada braço. Um absurdo! E a polícia faz vista grossa. Outra coisa que merece atenção na cidade é a quantidade de cachorros doentes na rua. Fora os urubus que predominam a paisagem aérea. Chegamos à Prefeitura e nos apresentamos a uma servente que nos recebeu nos informando que ainda não havia chegado ninguém, e já era mais de 8h30min. Ficamos lá esperando por alguém até que por volta das 9h resolveram nos levar ao nosso local de trabalho no prédio onde funciona a Secretaria Municipal de Fazenda. O local é precário, sem estrutura e pequeno para 7 pessoas, mas nos ajeitamos da melhor forma possível e começamos os trabalhos. Foi legal a maneira como nos organizamos, acho que o trabalho aqui vai ser mais bem executado. Almoçamos no restaurante do hotel da confusão da hospedagem, a comida estava ruim pelo preço que cobram (R$20,00 o quilo). Aproveitei um tempinho do almoço e fui ate a lan house. Que saudade da minha lan house particular. A conexão aqui é muito lenta! Descobri que uma empresa (eganet) monopoliza as lan houses e conexões em boa parte do Amazonas. Na tarde de trabalho descobri mais de 20 irregularidades em um único processo licitatório, confirmando que aqui é mesmo uma cidade sem lei. Depois da tarde de trabalho fomos ao bar do hotel da confusão da hospedagem pro povo beber, e eu como sempre sóbrio e me divertindo com as merdas que o povo faz e fala. Nem sempre concordo. Nem sempre aprovo. Fico calado, mas me divirto. Agora estou aqui no hotel, vi um pedaço do CQC e fui tomar um banho gelado. Na verdade não foi um banho.com.br, foi uma limpeza... Faço (quase) qualquer coisa por um banho quente. Só tomei banho hoje porque tinha que fazer a barba. Sobre a cidade: o nome da cidade é o mesmo nome do rio que banha a cidade: Tefé. É um rio bem maior que o Purus e o Ituchi e é afluente do rio Solimões, que junta com o Negro e forma o Amazonas. Aqui as mulheres são mais bonitas que os homens (são poucas contra nenhum) e elas ficam ouriçadas quando chega “carne” forasteira na cidade. Elas devem estar fazendo a festa essa semana, pois tem outras duas delegações: uma do INSS e outra de procuradores. Pra não falar só de coisas ruins, a cidade tem um prédio da Prefeitura bonito e um teatro de arena que achei bem interessante. Fora esses aspectos, só o aeroporto mesmo, se é que me entendem. To sentindo falta de Brasília, o melhor lugar do mundo!
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Dia 20 de maio – O pior dia

Acordei com diarréia... Ninguém merece! Deve ter sido o sanduíche do avião que eu comi na noite anterior. Eu observei a data de validade e estava OK, mesmo assim causou problemas. Arrumei as coisas e fomos para a Secretaria de Finanças, no meio do caminho comprei um Sonrisal. Já na esquina da Secretaria lembrei que esqueci a chave no hotel, soltei um “PUTA QUE PARIU”. Pedi ao Bruno para ir buscar a chave porque eu estava com vontade de ir ao banheiro. Tomei o Sonrisal. Trabalhamos um bocado pela manhã e eu indo ao banheiro toda hora. Fomos almoçar em ouro restaurante. Já estava meio estressado com esse negócio de dor de barriga e, quando chego ao restaurante, as mesas estavam reservadas para os procuradores. Sentamos nas mesas na cara dura. Procurei um banheiro no restaurante e vi que o banheiro masculino tinha só o mictório de parede, fiquei mais estressado. Não iria usar o feminino com aquele monte de mulher usando o banheiro no restaurante. Depois de esperar uma eternidade pelo atendimento, pedimos uma porção de filé e uma de frango GRELHADO e veio uma de frango FRITO. Aff! A confusão se armou! Pedimos pra trocar e eles não quiseram, disseram que pedimos o frango frito e devolveram o frango. Eu levantei e joguei o frango no balcão, foi quando trocaram por um frango menos gorduroso. Comi um pedacinho do filé, um pouco de arroz branco com farofa, mandioca frita e salada. Voltamos ao local de trabalho, e eu corri pro banheiro. Consegui trabalhar até umas 17h na marra, quando pedi arrego. Estava me sentindo muito cansado, com dor no corpo. Esperei o pessoal concluir e fomos para o hotel. Chegando lá, vi um pouco de TV, tomei um banho de gato e capotei na cama. Acordei com alguém batendo à porta. Era o chefe, perguntando como eu estava. Percebemos que eu estava com febre, pois senti um pouco de frio. Tomei um Paracetamol e fui deitar de novo. Fiquei preocupado, pois estava sentindo todos os sintomas da dengue. Não comi mais nada, pois estava cheio, passei o dia tomando água de coco. Vi o Casseta e Planeta, o Toma Lá Dá Cá e o Jornal da Globo e dormi... Mais da cidade: estou querendo um souvenir daqui, mas, assim como em Lábrea, aqui não vende artesanato. E nessa cidade só tem cocô de cachorro, cachorro doente e urubu, e não estou a fim de levar essa lembrança pra Brasília. A cidade é rodeada pelo Rio Tefé, é como se fosse uma península. Teria tudo para ser uma cidade organizada, já que é a terceira maior do estado.

Dias 19 e 20

Dia 19 de maio – Tão perto... Tão longe...

Pelo jeito não vou parar de comparar Lábrea com Tefé! Acho que a melhor parte desta cidade é mesmo o aeroporto. Hoje começamos a rotina de trabalho depois de um café da manhã pobre no hotel. Não serviram frutas, o leite estava frio e o café... Nem sei do café! Tinha suco de goiaba e de buriti. Tinha queijo, um pão estranho, presunto e margarina. E a mulher ainda achou ruim quando eu pedi pra ela esquentar água pro meu chá! Depois do café, fomos para a Prefeitura. Agora somos um grupo maior, estamos em 7 pessoas. Aqui as pessoas têm que andar olhando pro chão pra não ser surpreendido por um cocô ou um bêbado ou um cachorro sarnento, curubento, pestilento, nojento. Estou achando esta cidade horrível! Passaria mais um mês em Lábrea tranqüilamente. Aqui é uma cidade sem lei, e pelo jeito sem prefeito: as pessoas andam de moto, diria que 90% do transporte é moto. Quase ninguém usa capacete. Tem moto que carrega 4 pessoas. Tem menores que pilotam motos. Vi gente carregando um na garupa que carregava uma criança de colo em cada braço. Um absurdo! E a polícia faz vista grossa. Outra coisa que merece atenção na cidade é a quantidade de cachorros doentes na rua. Fora os urubus que predominam a paisagem aérea. Chegamos à Prefeitura e nos apresentamos a uma servente que nos recebeu nos informando que ainda não havia chegado ninguém, e já era mais de 8h30min. Ficamos lá esperando por alguém até que por volta das 9h resolveram nos levar ao nosso local de trabalho no prédio onde funciona a Secretaria Municipal de Fazenda. O local é precário, sem estrutura e pequeno para 7 pessoas, mas nos ajeitamos da melhor forma possível e começamos os trabalhos. Foi legal a maneira como nos organizamos, acho que o trabalho aqui vai ser mais bem executado. Almoçamos no restaurante do hotel da confusão da hospedagem, a comida estava ruim pelo preço que cobram (R$20,00 o quilo). Aproveitei um tempinho do almoço e fui ate a lan house. Que saudade da minha lan house particular. A conexão aqui é muito lenta! Descobri que uma empresa (eganet) monopoliza as lan houses e conexões em boa parte do Amazonas. Na tarde de trabalho descobri mais de 20 irregularidades em um único processo licitatório, confirmando que aqui é mesmo uma cidade sem lei. Depois da tarde de trabalho fomos ao bar do hotel da confusão da hospedagem pro povo beber, e eu como sempre sóbrio e me divertindo com as merdas que o povo faz e fala. Nem sempre concordo. Nem sempre aprovo. Fico calado, mas me divirto. Agora estou aqui no hotel, vi um pedaço do CQC e fui tomar um banho gelado. Na verdade não foi um banho.com.br, foi uma limpeza... Faço (quase) qualquer coisa por um banho quente. Só tomei banho hoje porque tinha que fazer a barba. Sobre a cidade: o nome da cidade é o mesmo nome do rio que banha a cidade: Tefé. É um rio bem maior que o Purus e o Ituchi e é afluente do rio Solimões, que junta com o Negro e forma o Amazonas. Aqui as mulheres são mais bonitas que os homens (são poucas contra nenhum) e elas ficam ouriçadas quando chega “carne” forasteira na cidade. Elas devem estar fazendo a festa essa semana, pois tem outras duas delegações: uma do INSS e outra de procuradores. Pra não falar só de coisas ruins, a cidade tem um prédio da Prefeitura bonito e um teatro de arena que achei bem interessante. Fora esses aspectos, só o aeroporto mesmo, se é que me entendem. To sentindo falta de Brasília, o melhor lugar do mundo!
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Dia 20 de maio – O pior dia

Acordei com diarréia... Ninguém merece! Deve ter sido o sanduíche do avião que eu comi na noite anterior. Eu observei a data de validade e estava OK, mesmo assim causou problemas. Arrumei as coisas e fomos para a Secretaria de Finanças, no meio do caminho comprei um Sonrisal. Já na esquina da Secretaria lembrei que esqueci a chave no hotel, soltei um “PUTA QUE PARIU”. Pedi ao Bruno para ir buscar a chave porque eu estava com vontade de ir ao banheiro. Tomei o Sonrisal. Trabalhamos um bocado pela manhã e eu indo ao banheiro toda hora. Fomos almoçar em ouro restaurante. Já estava meio estressado com esse negócio de dor de barriga e, quando chego ao restaurante, as mesas estavam reservadas para os procuradores. Sentamos nas mesas na cara dura. Procurei um banheiro no restaurante e vi que o banheiro masculino tinha só o mictório de parede, fiquei mais estressado. Não iria usar o feminino com aquele monte de mulher usando o banheiro no restaurante. Depois de esperar uma eternidade pelo atendimento, pedimos uma porção de filé e uma de frango GRELHADO e veio uma de frango FRITO. Aff! A confusão se armou! Pedimos pra trocar e eles não quiseram, disseram que pedimos o frango frito e devolveram o frango. Eu levantei e joguei o frango no balcão, foi quando trocaram por um frango menos gorduroso. Comi um pedacinho do filé, um pouco de arroz branco com farofa, mandioca frita e salada. Voltamos ao local de trabalho, e eu corri pro banheiro. Consegui trabalhar até umas 17h na marra, quando pedi arrego. Estava me sentindo muito cansado, com dor no corpo. Esperei o pessoal concluir e fomos para o hotel. Chegando lá, vi um pouco de TV, tomei um banho de gato e capotei na cama. Acordei com alguém batendo à porta. Era o chefe, perguntando como eu estava. Percebemos que eu estava com febre, pois senti um pouco de frio. Tomei um Paracetamol e fui deitar de novo. Fiquei preocupado, pois estava sentindo todos os sintomas da dengue. Não comi mais nada, pois estava cheio, passei o dia tomando água de coco. Vi o Casseta e Planeta, o Toma Lá Dá Cá e o Jornal da Globo e dormi... Mais da cidade: estou querendo um souvenir daqui, mas, assim como em Lábrea, aqui não vende artesanato. E nessa cidade só tem cocô de cachorro, cachorro doente e urubu, e não estou a fim de levar essa lembrança pra Brasília. A cidade é rodeada pelo Rio Tefé, é como se fosse uma península. Teria tudo para ser uma cidade organizada, já que é a terceira maior do estado.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Dias 16 a 18 de maio

Dia 16 de maio – O valor da educação.

Sonhei com muitas coisas essa noite. Só lembro que tinha uma música estranha. Acordei, era quase 6h30min daqui. Mas deitei e dormi mais um pouco e não é que a música do sonho continuou? Achei estranho. Acordei quando o despertador tocou e levantei na hora que o colega bateu na porta para pedir o creme de barbear emprestado. Fiquei mais um pouco na cama e fui tomar café na hora que todos foram. Nenhuma novidade no cardápio do café da manhã, só mesmo um hóspede que ficou nos contando histórias de garimpo. Ele representa fornecedores de material de construção e viaja rio acima e rio abaixo vendendo por atacado para as lojas das cidades. Fomos para a prefeitura para concluir os trabalhos, entregar as notificações que estavam faltando, tirar fotos com a servente que ficou nossa fã. Hoje as visitas foram nas escolas da cidade. Fiquei surpreso com o que vi, diferentemente das escolas da zona rural que eu já tinha visto algo parecido na TV. Por mais incrível que pareça, e por mais surreal que seja, as escolas daqui têm uma infra-estrutura milhares de vezes melhor que o do prédio da Prefeitura. As escolas PÚBLICAS daqui, em termos de organização, limpeza, conforto, recursos não deixam a desejar as escolas de Brasília, e, tenho certeza, são melhores que muitas e muitas escolas públicas do DF. Encontramos algumas coisas erradas, pois nada é perfeito, mas fiquei bem satisfeito com o que vi. Vimos algumas escolas pela manhã, almoçamos aqui no vizinho do hotel. Hoje pedimos “cadindicadum” e veio galinha caipira, carne de panela desfiada, tambaqui ao molho, arroz com cenoura, macarrão, saladinha de alface e cebola, feijão e Baréeeeaaaaammmmm!!! Adoro Baré! Comi um bocadinho de cada um (cadindicadum), voltamos ao hotel, ficamos um pouco, e fomos para a Prefeitura. Ficamos lá esperando o secretário de educação e, enquanto ele não aparecia, ficamos vendo as fotos e vendo e-mails, aproveitando a conexão que estava menos lenta. Aqui temos que amarrar a conexão para ela não fugir. Até que ele apareceu e fomos ver mais escolas na cidade. Visitamos creche também. Foi legal confirmar que as escolas têm mesmo estrutura melhor que a da Prefeitura. Lógico que o secretário mandou as pessoas darem uma maquiada nas escolas, mas nada que mudasse muita a realidade. E o prefeito faz questão de marcar a gestão dele: todas as escolas, sejam rurais ou urbanas, todos os prédios públicos têm a foto do cara. Voltamos à Prefeitura, depois de um tour pela cidade e lá ficamos até umas 16h. O tour pela cidade me fez perceber que as pessoas aqui não gostam de TV pequena, eles podem até não ter geladeira, mas a TV de 29 polegadas não falta. As construções da cidade são em sua maioria palafitas, até mesmo em terra firme. São casas de madeira, de todos os tamanhos, tipos e belezas, inclusive sobrados, com assoalho de madeira e telhas de metal. As pessoas andam de bicicleta ou moto. As que andam a pé tomam conta da rua e os poucos carros que transitam é que desviam das pessoas. É comum ver pessoas paradas conversando literalmente no meio da rua e os carros desviando delas. Tem muitas crianças na cidade, brincando pelas ruas e na praça. Voltamos ao hotel, o colega foi fazer as unhas, e eu fiquei aqui escrevendo o post da aventura. Tomei um banho e depois da chuva fomos comer um tambaqui (pra variar) acompanhados por um professor de arquitetura que está aqui no hotel, tomei um sorvete de coco da pizzaria aqui ao lado. O sorvete tinha cheiro coco, com sabor de amendoim, mas era feito de goma. Que sorvete ruim! Mas tomei assim mesmo. Agora vou ver o pânico na TV e dormir. Amanhã volto a Manaus.

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Dia 17 de maio – A festa dos botos

Não tem como acordar tarde aqui. Mesmo aos sábados. Não sei se é a cama diferente. Não me lembro do sonho dessa noite. Levantei com o colega batendo à porta do quarto, tomamos café observando o movimento da vila abaixo do hotel e o movimento no rio. Hoje vi barcos maiores navegando e vi também uma família de botos fazendo festa na beira do rio. Nos dias anteriores vi alguns, mas vários juntos foi a primeira vez. Dizem que a carne do boto parece carne de boi. Deve ser boa, mas a caça ao boto é proibida (não é pesca porque boto não é peixe). Essa família de botos de hoje é de botos menores de pele acinzentada, os que eu vi no dia da aventura eram botos bem maiores, de pele vermelha. Vimos também o movimento na peixaria que fica na beira do rio: muita gente (muita gente aqui significa umas 15 pessoas) comprando o peixe que foi pescado há pouco tempo. Voltei ao quarto e fui arrumar a mala. Estou preparando o espírito para pegar outro vôo. O tempo está fechado e começou a chover. Espero que o céu fique bem azul antes das 16h. Ainda temos uma notificação a fazer ao secretário, estamos esperando a visita dele. (Agora escrevo do avião, indo para Manaus. São 18h48min. Vou continuar do ponto em que parei.) Resolvemos chamar o secretário, mas ele apareceu antes, fomos ao gabinete dele e imprimimos as notificações, voltamos ao hotel e, em seguida apareceu o secretario de finanças para entregar as copias da documentação que eles estavam devendo. Fomos ao clube municipal, jogamos dominó e comemos um peixe chamado (pausa para o lanche depois da turbulência, enfrentamos uma tempestade – medo!) matrinchã na brasa. Uma delicia o peixe. Não deixa a desejar o tambaqui. Às 13h30min voltamos ao hotel, fizemos o check-out e esperamos a hora do vôo. No horário combinado o secretário de educação apareceu e nos levou ao aeroporto. O vôo atrasou meia hora. (Agora estou aqui escrevendo, o tempo está um pouco instável lá fora, e estamos enfrentando pequenas turbulências. Devemos estar a meia hora mais ou menos de Manaus. Lá eu continuo a história.) Continuando, dizia que o vôo atrasou meia hora e, enquanto isso, o Bruno foi brincar com crianças que estavam próximas ao aeroporto. Eu e Rodrigues ficamos num bar que tem em frente ao aeroporto com o professor de design de móveis, o arquiteto de quem falei antes. O avião chegou lotado, mas tinha um grupo de mais ou menos 30 pessoas que desembarcaram em Lábrea, eles eram de uma missão, acho que de um projeto chamado “Rondon”, que faz preservação ambiental. Após o desembarque, foram as crianças e os idosos, entre eles uma senhora doente, com os olhos amarelados, acredito que ela estava com hepatite, mas a malaria também afeta o fígado, e uma jovem mãe com um bebê aparentemente prematuro e com os lábios leporinos. Embarcamos. Nunca fiquei com tanto medo como dessa vez: a saída de emergência do avião estava com o forro quebrado e dava pra ver a fuselagem do avião. Acho que era porque o vôo era a noite. Pelo menos a comissária de bordo era muito simpática. Meia hora depois, estávamos em Humaitá, em escala, entrou quem tinha que entrar, saiu quem tinha que sair e o avião decolou. Tinha um comandante de carona e uma passageira a minha frente que estava no avião desde as 11h50min vindo de Cuiabá, e já eram mais de 5h da tarde. Fiquei com pena dela. Chegamos em Manaus calorenta às 19h37min, fomos para o Hotel Solimões, o mesmo do fim de semana passado. Fizemos o check-in no hotel e escolhi a cama menos mofada. Não saí mais do hotel (esse laptop é terrível de escrever, às vezes vão faltar alguns acentos). Fui tomar o tão esperado banho em chuveiro elétrico: reguleii a temperatura chuveiro na água temperada e abri a torneira. Que decepção! Chuveiro fraco e água quente demais... Ninguém merece! Tive que tomar banho de cócoras para não me queimar, mas tomei meu banho quente! Depois de uma reunião no quarto para falar bobagem (foi quando descobri que íamos ter problemas com a hospedagem em Tefé), parte do povo resolveu sair e eu fiquei no hotel tentando dormir naquele muquinfo (o hotel se classifica como duas estrelas... cadentes).

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18 de maio – Chá com stress, ou a primeira impressão é a que fica.

Dormi tão mal que vi a hora que o colega chegou da farra, e me lembro também que sonhei com minha irmã cantando e sendo aplaudida de pé em um teatro enorme. Levantei e fui ao Carrefour que fica na esquina oposta à rua do hotel comprar meu chá, pagar a fatura e comprar uma mala para roupa suja. Impressionante como, mesmo antes das 8h da manhã, já fazia calor naquele lugar! Voltei ao hotel todo feliz com meu chá. Tomamos café (tinha bolo de fubá com frutas secas, tapioca, laranja, mamão, melancia, ovo, pão francês, manteiga, café, leite, suco de abacaxi e se tinha mais alguma coisa eu não lembro). Pedi à cozinheira que esquentasse duas xícaras de água para eu fazer meu chá. Tomei duas xícaras de chá. Meu chá preto querido que fazia dias que eu não tomava e já estava ficando louco pela falta do meu chá. Quase não pensava em outra coisa a não ser no meu chá e já estava quase não falando em outra coisa senão na falta que meu chá faz. Lá em Lábrea eu não achei o meu chá, andei em vários mercadinhos, mas nenhum tinha o meu chá. Depois do café fomos ao banco e à feirinha de artesanato na rua do Carrefour e voltamos à geringonça do hotel. Terminei de arrumar a mala, fui tomar um banho (de cócoras novamente) e me arrumei pra esperar o povo. O táxi chegou e o colega ainda não estava pronto. Comecei a estressar... acertei o hotel, fiz o check-out e ficamos esperando o colega que ficou enrolado. Chegamos ao aeroporto, o taxista que tinha cobrado 30 reais, resolveu cobrar 35. Fiquei mais estressado com o FDP. Fizemos o check-in, povo foi almoçar e eu entrei, estressado na sala de embarque e fiquei sem almoçar. Mas não fez muita diferença, pois tinha comido muito no café da manhã. Passei na banca, comprei 4 gibis e logo o João chegou. Ficamos conversando um pouco sobre a estada na casa da mãe dele e logo o resto do povo entrou na sala de embarque. Até que eu estava tranqüilo, o tempo estava bom. Embarcamos e mais problemas... O avião, que tinha uma configuração, digamos, mais otimizada, para não dizer mais apertada, estava lotado e parecia uma sauna de tão quente que estava. Todos os passageiros estavam reclamando do calor. As comissárias informaram que era daquele jeito mesmo porque o avião estava em solo há muito tempo e, como o avião que íamos pegar estava atrasado, eles resolveram nos colocar neste. Mas com o tempo melhorou, só melhorou, não chegou a ficar ótimo. Troquei de lugar com o Bruno, que estava imprensado na janela e eu sou mais magro, e ficamos todos felizes. Eu estava bem tranqüilo, o vôo foi bom, apesar do calor e do aperto e eu ri demais com a Turma da Mônica! Ainda ficaram 2 gibis e meio para a volta. Uma hora e 20 minutos depois, estávamos descendo em Tefé. O aeroporto é maior e (muito) mais bonito e seguro que o de Lábrea (lá é possível invadir a pista por um buraco na cerca). Pegamos o táxi em direção ao hotel. Pausa para contextualização: lá em Manaus o pessoal ligou pra confirmar a reserva que tínhamos feito no hotel há 10 dias e descobriram que o hotel ocupou nossos quartos porque chegou uma delegação de magistrados (ou seriam procuradores? Não me lembro) e só tinha um quarto onde eles iriam nos enfiar (7 pessoas). Fim da pausa. O hotel era bom, mas não tinha lugar para todos. Depois da briga com o dono do hotel, ele resolveu nos levar para uma “pousada”. Fui acompanhar a colega na avaliação da pousada. Era um sobrado com três andares (dois de alvenaria e 1 de madeira). Ele abriu a porta e senti o cheiro de mofo... Ele nos mostrou as suítes (3, cada uma com uma cama de casal) e nos informou que no último andar tinha mais cinco quartos individuais, porém com banheiro coletivo. Pedi a ele que, caso ficássemos, limpasse o local. Ele perguntou se nós não nos incomodávamos que ele entrasse lá todos os dias a tarde para alimentar os cachorros (aff!). A colega resolveu ficar lá e eu voltei ao hotel com o dono para acertar com o povo. No caminho perguntei a ele como eram as acomodações no andar de madeira e ele disse que tinha cama. Eu já estressado falei pra ele que era o mínimo que um quarto tinha que ter e ele disse que eu não estava entendendo o que ele quis dizer, e eu, ironicamente, concordei. O safado ainda queria cobrar o mesmo preço do hotel “sede”. Lá chegando, o outro colega estava no carro com o taxista indo para outro hotel, resolvi ir para comparar. Chegamos ao hotelzinho e eu resolvi que era o ideal, pois pelo menos estava limpo e é parecido com o que ficamos em Lábrea, não tão bom e sem chuveiro elétrico também. Pegamos a colega que ficou lá na “pousada” e fomos todos para o outro hotel. Nos acomodamos e eu escolhi um quarto no térreo. Pra que? Pra aprender! Nunca escolham um quarto de hotel no térreo! Nunca vi tanto pernilongo junto (aqui eles chamam de carapanã)... Deixei minhas coisas, peguei um Baré, e lanchei o que trouxe do avião. Depois taquei veneno no quarto e saí com o povo. Andamos pela orla do rio Tefé e vi cenas de uma cidade imunda e miserável de espírito. Em Lábrea tinha pobreza também, mas as pessoas tinham brilho nos olhos, aqui em Tefé eu não vi isso ainda. Passamos por uma espécie de mercado, ou feira, parecia aquela cena de “Nova Trento” do filme Stigmata. Gente feia, a cidade suja, descuidada, cheia de cachorros doentes, bêbados, ratos e urubus. A única coisa que achei legal é que tem um teatro de arena bem bacana na beira do rio. Andamos um pouco, tomando cuidado para não sermos atropelados pelas motos que tomam conta da cidade, até que resolvemos parar de procurar um boteco e ir para o bar do hotel onde tínhamos feito a reserva problemática. Tomei duas águas, o povo ficou bebendo e conversamos e fomos procurar algo para comer. Comi um sanduíche com o Bruno, os outros colegas comeram churrasquinho. Voltamos ao hotel. Ao abrir a porta do quarto, senti que o cheiro do veneno estava forte e o quarto cheio de defuntos (os pernilongos que morreram). De repente, uma barata enorme apareceu, peguei o veneno e taquei na nojenta. Pedi para trocar por um quarto no primeiro andar e fiquei feliz. Além do mais, o quarto no térreo era ao lado do refeitório e, com a troca, fiquei afastado do barulho. Sobre a cidade: além da sujeira e do descuido, aqui predomina o transporte por motos. O que tinha de bicicleta em Lábrea tem de moto aqui. E o povo anda sem capacete, três ou quatro em cada moto, com crianças pequenas. Outra coisa que notei é que boa parte dos veículos, tanto motos quanto carros, não têm placa. As pessoas aqui têm os traços indígenas mais fortes. Em ambas cidades o aeroporto não reflete o que nos espera na cidade. Isso se confirmou em Lábrea que se mostrou uma cidade melhor do que o que o aeroporto representa, aqui em Tefé foi o oposto. Esta sensação talvez seja o que a máxima de que a primeira impressão é a que fica diz: talvez se tivesse vindo para cá antes de ir para Lábrea, teria tido outro sentimento. Amanhã começam os trabalhos. Espero não ser escalado para enfrentar uma aventura tipo “Indiana Ádson Jones na Selva Amazônica”. Sobre as fotos: ainda não as coloquei em nenhum lugar. Ainda não sei se vou fazer uma seleção, mas pretendo colocar todas em um fotolog. Acho que vou fazer isso em Brasília, pois são quase 1500 fotos até agora.

Dias 16 a 18 de maio

Dia 16 de maio – O valor da educação.

Sonhei com muitas coisas essa noite. Só lembro que tinha uma música estranha. Acordei, era quase 6h30min daqui. Mas deitei e dormi mais um pouco e não é que a música do sonho continuou? Achei estranho. Acordei quando o despertador tocou e levantei na hora que o colega bateu na porta para pedir o creme de barbear emprestado. Fiquei mais um pouco na cama e fui tomar café na hora que todos foram. Nenhuma novidade no cardápio do café da manhã, só mesmo um hóspede que ficou nos contando histórias de garimpo. Ele representa fornecedores de material de construção e viaja rio acima e rio abaixo vendendo por atacado para as lojas das cidades. Fomos para a prefeitura para concluir os trabalhos, entregar as notificações que estavam faltando, tirar fotos com a servente que ficou nossa fã. Hoje as visitas foram nas escolas da cidade. Fiquei surpreso com o que vi, diferentemente das escolas da zona rural que eu já tinha visto algo parecido na TV. Por mais incrível que pareça, e por mais surreal que seja, as escolas daqui têm uma infra-estrutura milhares de vezes melhor que o do prédio da Prefeitura. As escolas PÚBLICAS daqui, em termos de organização, limpeza, conforto, recursos não deixam a desejar as escolas de Brasília, e, tenho certeza, são melhores que muitas e muitas escolas públicas do DF. Encontramos algumas coisas erradas, pois nada é perfeito, mas fiquei bem satisfeito com o que vi. Vimos algumas escolas pela manhã, almoçamos aqui no vizinho do hotel. Hoje pedimos “cadindicadum” e veio galinha caipira, carne de panela desfiada, tambaqui ao molho, arroz com cenoura, macarrão, saladinha de alface e cebola, feijão e Baréeeeaaaaammmmm!!! Adoro Baré! Comi um bocadinho de cada um (cadindicadum), voltamos ao hotel, ficamos um pouco, e fomos para a Prefeitura. Ficamos lá esperando o secretário de educação e, enquanto ele não aparecia, ficamos vendo as fotos e vendo e-mails, aproveitando a conexão que estava menos lenta. Aqui temos que amarrar a conexão para ela não fugir. Até que ele apareceu e fomos ver mais escolas na cidade. Visitamos creche também. Foi legal confirmar que as escolas têm mesmo estrutura melhor que a da Prefeitura. Lógico que o secretário mandou as pessoas darem uma maquiada nas escolas, mas nada que mudasse muita a realidade. E o prefeito faz questão de marcar a gestão dele: todas as escolas, sejam rurais ou urbanas, todos os prédios públicos têm a foto do cara. Voltamos à Prefeitura, depois de um tour pela cidade e lá ficamos até umas 16h. O tour pela cidade me fez perceber que as pessoas aqui não gostam de TV pequena, eles podem até não ter geladeira, mas a TV de 29 polegadas não falta. As construções da cidade são em sua maioria palafitas, até mesmo em terra firme. São casas de madeira, de todos os tamanhos, tipos e belezas, inclusive sobrados, com assoalho de madeira e telhas de metal. As pessoas andam de bicicleta ou moto. As que andam a pé tomam conta da rua e os poucos carros que transitam é que desviam das pessoas. É comum ver pessoas paradas conversando literalmente no meio da rua e os carros desviando delas. Tem muitas crianças na cidade, brincando pelas ruas e na praça. Voltamos ao hotel, o colega foi fazer as unhas, e eu fiquei aqui escrevendo o post da aventura. Tomei um banho e depois da chuva fomos comer um tambaqui (pra variar) acompanhados por um professor de arquitetura que está aqui no hotel, tomei um sorvete de coco da pizzaria aqui ao lado. O sorvete tinha cheiro coco, com sabor de amendoim, mas era feito de goma. Que sorvete ruim! Mas tomei assim mesmo. Agora vou ver o pânico na TV e dormir. Amanhã volto a Manaus.

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Dia 17 de maio – A festa dos botos

Não tem como acordar tarde aqui. Mesmo aos sábados. Não sei se é a cama diferente. Não me lembro do sonho dessa noite. Levantei com o colega batendo à porta do quarto, tomamos café observando o movimento da vila abaixo do hotel e o movimento no rio. Hoje vi barcos maiores navegando e vi também uma família de botos fazendo festa na beira do rio. Nos dias anteriores vi alguns, mas vários juntos foi a primeira vez. Dizem que a carne do boto parece carne de boi. Deve ser boa, mas a caça ao boto é proibida (não é pesca porque boto não é peixe). Essa família de botos de hoje é de botos menores de pele acinzentada, os que eu vi no dia da aventura eram botos bem maiores, de pele vermelha. Vimos também o movimento na peixaria que fica na beira do rio: muita gente (muita gente aqui significa umas 15 pessoas) comprando o peixe que foi pescado há pouco tempo. Voltei ao quarto e fui arrumar a mala. Estou preparando o espírito para pegar outro vôo. O tempo está fechado e começou a chover. Espero que o céu fique bem azul antes das 16h. Ainda temos uma notificação a fazer ao secretário, estamos esperando a visita dele. (Agora escrevo do avião, indo para Manaus. São 18h48min. Vou continuar do ponto em que parei.) Resolvemos chamar o secretário, mas ele apareceu antes, fomos ao gabinete dele e imprimimos as notificações, voltamos ao hotel e, em seguida apareceu o secretario de finanças para entregar as copias da documentação que eles estavam devendo. Fomos ao clube municipal, jogamos dominó e comemos um peixe chamado (pausa para o lanche depois da turbulência, enfrentamos uma tempestade – medo!) matrinchã na brasa. Uma delicia o peixe. Não deixa a desejar o tambaqui. Às 13h30min voltamos ao hotel, fizemos o check-out e esperamos a hora do vôo. No horário combinado o secretário de educação apareceu e nos levou ao aeroporto. O vôo atrasou meia hora. (Agora estou aqui escrevendo, o tempo está um pouco instável lá fora, e estamos enfrentando pequenas turbulências. Devemos estar a meia hora mais ou menos de Manaus. Lá eu continuo a história.) Continuando, dizia que o vôo atrasou meia hora e, enquanto isso, o Bruno foi brincar com crianças que estavam próximas ao aeroporto. Eu e Rodrigues ficamos num bar que tem em frente ao aeroporto com o professor de design de móveis, o arquiteto de quem falei antes. O avião chegou lotado, mas tinha um grupo de mais ou menos 30 pessoas que desembarcaram em Lábrea, eles eram de uma missão, acho que de um projeto chamado “Rondon”, que faz preservação ambiental. Após o desembarque, foram as crianças e os idosos, entre eles uma senhora doente, com os olhos amarelados, acredito que ela estava com hepatite, mas a malaria também afeta o fígado, e uma jovem mãe com um bebê aparentemente prematuro e com os lábios leporinos. Embarcamos. Nunca fiquei com tanto medo como dessa vez: a saída de emergência do avião estava com o forro quebrado e dava pra ver a fuselagem do avião. Acho que era porque o vôo era a noite. Pelo menos a comissária de bordo era muito simpática. Meia hora depois, estávamos em Humaitá, em escala, entrou quem tinha que entrar, saiu quem tinha que sair e o avião decolou. Tinha um comandante de carona e uma passageira a minha frente que estava no avião desde as 11h50min vindo de Cuiabá, e já eram mais de 5h da tarde. Fiquei com pena dela. Chegamos em Manaus calorenta às 19h37min, fomos para o Hotel Solimões, o mesmo do fim de semana passado. Fizemos o check-in no hotel e escolhi a cama menos mofada. Não saí mais do hotel (esse laptop é terrível de escrever, às vezes vão faltar alguns acentos). Fui tomar o tão esperado banho em chuveiro elétrico: reguleii a temperatura chuveiro na água temperada e abri a torneira. Que decepção! Chuveiro fraco e água quente demais... Ninguém merece! Tive que tomar banho de cócoras para não me queimar, mas tomei meu banho quente! Depois de uma reunião no quarto para falar bobagem (foi quando descobri que íamos ter problemas com a hospedagem em Tefé), parte do povo resolveu sair e eu fiquei no hotel tentando dormir naquele muquinfo (o hotel se classifica como duas estrelas... cadentes).

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18 de maio – Chá com stress, ou a primeira impressão é a que fica.

Dormi tão mal que vi a hora que o colega chegou da farra, e me lembro também que sonhei com minha irmã cantando e sendo aplaudida de pé em um teatro enorme. Levantei e fui ao Carrefour que fica na esquina oposta à rua do hotel comprar meu chá, pagar a fatura e comprar uma mala para roupa suja. Impressionante como, mesmo antes das 8h da manhã, já fazia calor naquele lugar! Voltei ao hotel todo feliz com meu chá. Tomamos café (tinha bolo de fubá com frutas secas, tapioca, laranja, mamão, melancia, ovo, pão francês, manteiga, café, leite, suco de abacaxi e se tinha mais alguma coisa eu não lembro). Pedi à cozinheira que esquentasse duas xícaras de água para eu fazer meu chá. Tomei duas xícaras de chá. Meu chá preto querido que fazia dias que eu não tomava e já estava ficando louco pela falta do meu chá. Quase não pensava em outra coisa a não ser no meu chá e já estava quase não falando em outra coisa senão na falta que meu chá faz. Lá em Lábrea eu não achei o meu chá, andei em vários mercadinhos, mas nenhum tinha o meu chá. Depois do café fomos ao banco e à feirinha de artesanato na rua do Carrefour e voltamos à geringonça do hotel. Terminei de arrumar a mala, fui tomar um banho (de cócoras novamente) e me arrumei pra esperar o povo. O táxi chegou e o colega ainda não estava pronto. Comecei a estressar... acertei o hotel, fiz o check-out e ficamos esperando o colega que ficou enrolado. Chegamos ao aeroporto, o taxista que tinha cobrado 30 reais, resolveu cobrar 35. Fiquei mais estressado com o FDP. Fizemos o check-in, povo foi almoçar e eu entrei, estressado na sala de embarque e fiquei sem almoçar. Mas não fez muita diferença, pois tinha comido muito no café da manhã. Passei na banca, comprei 4 gibis e logo o João chegou. Ficamos conversando um pouco sobre a estada na casa da mãe dele e logo o resto do povo entrou na sala de embarque. Até que eu estava tranqüilo, o tempo estava bom. Embarcamos e mais problemas... O avião, que tinha uma configuração, digamos, mais otimizada, para não dizer mais apertada, estava lotado e parecia uma sauna de tão quente que estava. Todos os passageiros estavam reclamando do calor. As comissárias informaram que era daquele jeito mesmo porque o avião estava em solo há muito tempo e, como o avião que íamos pegar estava atrasado, eles resolveram nos colocar neste. Mas com o tempo melhorou, só melhorou, não chegou a ficar ótimo. Troquei de lugar com o Bruno, que estava imprensado na janela e eu sou mais magro, e ficamos todos felizes. Eu estava bem tranqüilo, o vôo foi bom, apesar do calor e do aperto e eu ri demais com a Turma da Mônica! Ainda ficaram 2 gibis e meio para a volta. Uma hora e 20 minutos depois, estávamos descendo em Tefé. O aeroporto é maior e (muito) mais bonito e seguro que o de Lábrea (lá é possível invadir a pista por um buraco na cerca). Pegamos o táxi em direção ao hotel. Pausa para contextualização: lá em Manaus o pessoal ligou pra confirmar a reserva que tínhamos feito no hotel há 10 dias e descobriram que o hotel ocupou nossos quartos porque chegou uma delegação de magistrados (ou seriam procuradores? Não me lembro) e só tinha um quarto onde eles iriam nos enfiar (7 pessoas). Fim da pausa. O hotel era bom, mas não tinha lugar para todos. Depois da briga com o dono do hotel, ele resolveu nos levar para uma “pousada”. Fui acompanhar a colega na avaliação da pousada. Era um sobrado com três andares (dois de alvenaria e 1 de madeira). Ele abriu a porta e senti o cheiro de mofo... Ele nos mostrou as suítes (3, cada uma com uma cama de casal) e nos informou que no último andar tinha mais cinco quartos individuais, porém com banheiro coletivo. Pedi a ele que, caso ficássemos, limpasse o local. Ele perguntou se nós não nos incomodávamos que ele entrasse lá todos os dias a tarde para alimentar os cachorros (aff!). A colega resolveu ficar lá e eu voltei ao hotel com o dono para acertar com o povo. No caminho perguntei a ele como eram as acomodações no andar de madeira e ele disse que tinha cama. Eu já estressado falei pra ele que era o mínimo que um quarto tinha que ter e ele disse que eu não estava entendendo o que ele quis dizer, e eu, ironicamente, concordei. O safado ainda queria cobrar o mesmo preço do hotel “sede”. Lá chegando, o outro colega estava no carro com o taxista indo para outro hotel, resolvi ir para comparar. Chegamos ao hotelzinho e eu resolvi que era o ideal, pois pelo menos estava limpo e é parecido com o que ficamos em Lábrea, não tão bom e sem chuveiro elétrico também. Pegamos a colega que ficou lá na “pousada” e fomos todos para o outro hotel. Nos acomodamos e eu escolhi um quarto no térreo. Pra que? Pra aprender! Nunca escolham um quarto de hotel no térreo! Nunca vi tanto pernilongo junto (aqui eles chamam de carapanã)... Deixei minhas coisas, peguei um Baré, e lanchei o que trouxe do avião. Depois taquei veneno no quarto e saí com o povo. Andamos pela orla do rio Tefé e vi cenas de uma cidade imunda e miserável de espírito. Em Lábrea tinha pobreza também, mas as pessoas tinham brilho nos olhos, aqui em Tefé eu não vi isso ainda. Passamos por uma espécie de mercado, ou feira, parecia aquela cena de “Nova Trento” do filme Stigmata. Gente feia, a cidade suja, descuidada, cheia de cachorros doentes, bêbados, ratos e urubus. A única coisa que achei legal é que tem um teatro de arena bem bacana na beira do rio. Andamos um pouco, tomando cuidado para não sermos atropelados pelas motos que tomam conta da cidade, até que resolvemos parar de procurar um boteco e ir para o bar do hotel onde tínhamos feito a reserva problemática. Tomei duas águas, o povo ficou bebendo e conversamos e fomos procurar algo para comer. Comi um sanduíche com o Bruno, os outros colegas comeram churrasquinho. Voltamos ao hotel. Ao abrir a porta do quarto, senti que o cheiro do veneno estava forte e o quarto cheio de defuntos (os pernilongos que morreram). De repente, uma barata enorme apareceu, peguei o veneno e taquei na nojenta. Pedi para trocar por um quarto no primeiro andar e fiquei feliz. Além do mais, o quarto no térreo era ao lado do refeitório e, com a troca, fiquei afastado do barulho. Sobre a cidade: além da sujeira e do descuido, aqui predomina o transporte por motos. O que tinha de bicicleta em Lábrea tem de moto aqui. E o povo anda sem capacete, três ou quatro em cada moto, com crianças pequenas. Outra coisa que notei é que boa parte dos veículos, tanto motos quanto carros, não têm placa. As pessoas aqui têm os traços indígenas mais fortes. Em ambas cidades o aeroporto não reflete o que nos espera na cidade. Isso se confirmou em Lábrea que se mostrou uma cidade melhor do que o que o aeroporto representa, aqui em Tefé foi o oposto. Esta sensação talvez seja o que a máxima de que a primeira impressão é a que fica diz: talvez se tivesse vindo para cá antes de ir para Lábrea, teria tido outro sentimento. Amanhã começam os trabalhos. Espero não ser escalado para enfrentar uma aventura tipo “Indiana Ádson Jones na Selva Amazônica”. Sobre as fotos: ainda não as coloquei em nenhum lugar. Ainda não sei se vou fazer uma seleção, mas pretendo colocar todas em um fotolog. Acho que vou fazer isso em Brasília, pois são quase 1500 fotos até agora.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Dia 15 de maio – A high way daqui.

Hoje acordamos mais cedo, pois combinamos a saída para antes das 8h da manhã. Tomamos café (nenhuma novidade na comida) e fomos para a prefeitura entregar as notificações, para andar mais rápido pegamos as bicicletas dos pedreiros da obra do lado do hotel para chegarmos lá. Fizemos uma confusão com a papelada e acabamos enrolando um pouco. Voltamos para devolvermos as bicicletas e fomos para o porto. Chegando lá vi o que era o deslizador, um barco pequeno, uma espécie de cruzamento de voadeira com lancha. Minha perna bambeou e eu amarelei na hora. Fora o medo de estarem nos armando uma tocaia, afinal já tínhamos entregado as notificações. Fiquei sem coragem de encarar a estradona (no caso o Rio Purus) naquele veículo! Fiz a proposta de ficar na prefeitura vendo umas pendências, mas o pessoal insistiu, arranjaram 2 coletes salva-vidas (para 5 pessoas), e eu pulei no barco. O deslizador era da pastoral da criança, pois o do secretário estava com defeito, graças a Deus (em breve saberão porque). O “motorista” ligou o motor e eu olhei pro chão do barco de onde não desviei o olhar pra lugar nenhum. À medida que o tempo foi passando fui encarando a realidade (já tinha feito a merda de mudar de idéia de não entrar no barco) e o medo foi passando. Subimos o rio quase 2 horas, quando pedi para ir ao banheiro fazer numero 1. Paramos numa comunidade ribeirinha chamada São Sebastião. Vimos a realidade de perto, aliás, tocamos na realidade. Não tem como descrever o que vi ali, pois não há parâmetros para comparar com a realidade dessas comunidades (as fotos dirão muita coisa, mas não tudo). A nossa vida de cidade grande não serve como referência para o que vi ali. E foi só o inicio da viagem. Para chegar ao banheiro, temos que atravessar a lama por cima de trapichos (troncos que vão do rio até as casas, e são colocados sobre a lama, é a calçada deles), que vão até a escola. Fui ao banheiro, que fica afastado da escola em uma pequena palafita (todas as construções ribeirinhas são palafitas) com um furo no meio. Fiz ali o numero 1 e se tivesse com vontade de fazer numero 2 não teria feito, pois, apesar do mau cheiro, o banheiro era até limpo, mas é estranho. Continuamos subindo o rio por cerca de 1 hora. No caminho paramos na comunidade São Paulo para pedir para fazerem almoço para a nossa volta. No total subimos o rio por 3 horas até chegarmos numa comunidade chamada José Cezar, quando desembarcamos e passei o repelente. Ali vi um jabuti pronto para o abate, fiquei com muito nojo daquilo e com pena do bichinho com um talo enfiado no casco para ele não colocar a cabeça pra fora, já urinando de dor. Foi a escola mais desorganizada que vimos, o professor não é das pessoas mais higiênicas e cuidadosas. A água que eles bebem e cozinham nessas comunidades ribeirinhas é a própria água do rio tratada com cloro em pó. Apesar de tratada, ela não fica límpida (aquela história que aprendemos na escola que a água é incolor, inodora e insípida, não é a realidade de muita gente). Pegamos o caminho de volta e visitamos mais algumas escolas, e quando eu pensava que estava tudo bem, tudo ótimo, quase me divertindo, o secretário de educação resolveu entrar num igarapé para vermos uma comunidade indígena. Para entrarmos no igarapé tínhamos que ir ate o final de um lago enorme e nos embrenhar na mata. O secretário indicou ao “motorista” a entrada do igarapé e embrenhamos, para meu desespero. O secretário não se mostrou muito seguro de onde estava, e o barco ia cortando aquela caminho estreito, e a água era de cor escura (propícia para piranhas e jacarés), e a mata fechava, fechava, e o barco cortava o caminho e eu pedindo pelo amor de Deus pra voltar e o secretário indicando as entradinhas, e a mata fechava, e eu pensava na tocaia, de repente, o oásis... Chegamos numa comunidade indígena que a avenida central é uma pista de pouso, sim, um aeroporto... Impressionante aquilo. O nome da comunidade é Crispinho, e os índios são os “Palmari”. Eles moram em casas do mesmo modelo das comunidades ribeirinhas, só que tem até sobrado. Estava mais tranqüilo... Vimos a escola, conversamos com os índios e voltamos pro barco. O secretário resolveu trocar de lugar como motorista, como ele tinha dito antes que tinha a carteira pra navegar, eu sosseguei... até ele fazer a primeira curva. O cara não reduzia a velocidade, e o barco cortava a mata, a mata fechava, abria e o barco inclinava uns 30 graus a cada curva, e eu olhava feio pro secretario e o motorista (que estava sem as mãos no volante) ria, mas ele também estava com medo, pois segurava na borda do barco e embaixo do banco com força. Chegamos ao lago, até pegarmos o leito do rio... Me certifiquei que a correnteza estava mesmo a favor e continuei segurando embaixo do banco duro do barco, pois o secretário gosta de navegar com emoção. Paramos em outra comunidade e vimos mais uma escola. Essa escola (Gonçalves de Farias) estava mais arrumadinha, conhecemos o que eles chamam de fruta-pão, uma espécie de semente com gosto de batata, muito gostosa. Essas escolas das comunidades rurais e indígenas são multiseriadas, ou seja, são alunos de varias séries na mesma sala de aula e com o mesmo professor. Pra meu sossego o secretário não gostou do volante do deslizador e devolveu o barco para o motorista. Ao pegar o barco de volta o motorista advertiu o secretário que não se faz curva sem desacelerar o motor. Nesta hora agradeci a Deus pelo barco do secretário ter quebrado. Viajamos até São Paulo para almoçar. Foi a comunidade que ficamos mais tempo e mais próximos da realidade dessas pessoas. A casa de madeira abriga 7 pessoas, pois tem duas famílias morando até que a casa de uma delas fique pronta. A casa tem duas partes: a da frente, com telhado de metal e com temperatura elevada, com um quarto e uma sala, e a de trás, ligada por um corredor de madeira, onde fica a cozinha e mais um quarto, coberta com palha e temperatura agradável. A dona da casa tem 27 anos e 2 filhos, a cunhada dela tem 25 e 5 filhos (a conta não está errada, tem alguns filhos que moram na cidade). A aparência delas não é de pessoas que têm essa quantidade de filhos, são mulheres de corpo definido e magro. Como a comida não estava pronta (já era mais de 15h e 30min), ficamos conversando, os piuns (mosquitos) atacando, repeti a dose do repelente, e mesmo assim eles ainda picavam, a contragosto, mas picavam. O almoço ficou pronto em uns 10 minutos. Era galinha caipira, arroz, farinha e macarrão. A dona da casa pegou as panelas do chão e as colocou no chão (muito limpo) da palafita. Era a nossa mesa. Eles não possuem mesa, nem sofás, nem cadeiras para sentar. Estava muito gostoso, apesar das condições. Só estavam as mulheres na casa, pois os maridos estavam trabalhando da colheita de óleo de copaíba e andiroba (são óleos extraídos de arvores de madeira nobre que valem mais que a madeira e servem para medicamentos, são excelentes anti-inflamatórios). Perguntei a elas se elas preferem a vida na cidade ou na beira do rio e elas responderam que não trocam o rio pela cidade. Pagamos pelo almoço e voltamos para o barco de volta para a cidade. Não paramos mais em escolas, mas o vento estava mais frio e mais forte. O rio estava mais agitado. Parece que a viagem de volta foi mais longa, pois estávamos calados (quando conversamos o tempo passa mais rápido). Não tenho noção de quantos quilômetros andamos, pois o barco não tinha velocímetro. Só sei que estava tenso, quase deprimido de ver só água e mato. Até que avistamos a cidade. A viagem ficou excelente quando atracamos no porto e eu desci do barco. Corri pro hotel, com as pernas bambas e tomei um banho super demorado (a água não estava fria como de costume). Durante o banho refleti e vi que foi uma aventura gostosa, uma experiência que vai ficar guardada pro resto da minha vida e sou muito grato por ter tido esta chance de ver quantas diferenças existem nesse país que não são capazes de tirar a felicidade das pessoas. Mas não sei se tenho coragem de fazer outra aventura dessa. Depois do banho fomos ao restaurante comer um tambaqui grelhado. Estava maravilhoso! Estou passando muito bem com a comida aqui, já ganhei uns quilos comendo tambaqui todo dia. Como o dia foi tenso e eu enchi o saco dos colegas, tomei uma cerveja para agradá-los e para relaxar também. Voltamos ao hotel e capotei... Não lembro de mais nada.

Dia 15 de maio – A high way daqui.

Hoje acordamos mais cedo, pois combinamos a saída para antes das 8h da manhã. Tomamos café (nenhuma novidade na comida) e fomos para a prefeitura entregar as notificações, para andar mais rápido pegamos as bicicletas dos pedreiros da obra do lado do hotel para chegarmos lá. Fizemos uma confusão com a papelada e acabamos enrolando um pouco. Voltamos para devolvermos as bicicletas e fomos para o porto. Chegando lá vi o que era o deslizador, um barco pequeno, uma espécie de cruzamento de voadeira com lancha. Minha perna bambeou e eu amarelei na hora. Fora o medo de estarem nos armando uma tocaia, afinal já tínhamos entregado as notificações. Fiquei sem coragem de encarar a estradona (no caso o Rio Purus) naquele veículo! Fiz a proposta de ficar na prefeitura vendo umas pendências, mas o pessoal insistiu, arranjaram 2 coletes salva-vidas (para 5 pessoas), e eu pulei no barco. O deslizador era da pastoral da criança, pois o do secretário estava com defeito, graças a Deus (em breve saberão porque). O “motorista” ligou o motor e eu olhei pro chão do barco de onde não desviei o olhar pra lugar nenhum. À medida que o tempo foi passando fui encarando a realidade (já tinha feito a merda de mudar de idéia de não entrar no barco) e o medo foi passando. Subimos o rio quase 2 horas, quando pedi para ir ao banheiro fazer numero 1. Paramos numa comunidade ribeirinha chamada São Sebastião. Vimos a realidade de perto, aliás, tocamos na realidade. Não tem como descrever o que vi ali, pois não há parâmetros para comparar com a realidade dessas comunidades (as fotos dirão muita coisa, mas não tudo). A nossa vida de cidade grande não serve como referência para o que vi ali. E foi só o inicio da viagem. Para chegar ao banheiro, temos que atravessar a lama por cima de trapichos (troncos que vão do rio até as casas, e são colocados sobre a lama, é a calçada deles), que vão até a escola. Fui ao banheiro, que fica afastado da escola em uma pequena palafita (todas as construções ribeirinhas são palafitas) com um furo no meio. Fiz ali o numero 1 e se tivesse com vontade de fazer numero 2 não teria feito, pois, apesar do mau cheiro, o banheiro era até limpo, mas é estranho. Continuamos subindo o rio por cerca de 1 hora. No caminho paramos na comunidade São Paulo para pedir para fazerem almoço para a nossa volta. No total subimos o rio por 3 horas até chegarmos numa comunidade chamada José Cezar, quando desembarcamos e passei o repelente. Ali vi um jabuti pronto para o abate, fiquei com muito nojo daquilo e com pena do bichinho com um talo enfiado no casco para ele não colocar a cabeça pra fora, já urinando de dor. Foi a escola mais desorganizada que vimos, o professor não é das pessoas mais higiênicas e cuidadosas. A água que eles bebem e cozinham nessas comunidades ribeirinhas é a própria água do rio tratada com cloro em pó. Apesar de tratada, ela não fica límpida (aquela história que aprendemos na escola que a água é incolor, inodora e insípida, não é a realidade de muita gente). Pegamos o caminho de volta e visitamos mais algumas escolas, e quando eu pensava que estava tudo bem, tudo ótimo, quase me divertindo, o secretário de educação resolveu entrar num igarapé para vermos uma comunidade indígena. Para entrarmos no igarapé tínhamos que ir ate o final de um lago enorme e nos embrenhar na mata. O secretário indicou ao “motorista” a entrada do igarapé e embrenhamos, para meu desespero. O secretário não se mostrou muito seguro de onde estava, e o barco ia cortando aquela caminho estreito, e a água era de cor escura (propícia para piranhas e jacarés), e a mata fechava, fechava, e o barco cortava o caminho e eu pedindo pelo amor de Deus pra voltar e o secretário indicando as entradinhas, e a mata fechava, e eu pensava na tocaia, de repente, o oásis... Chegamos numa comunidade indígena que a avenida central é uma pista de pouso, sim, um aeroporto... Impressionante aquilo. O nome da comunidade é Crispinho, e os índios são os “Palmari”. Eles moram em casas do mesmo modelo das comunidades ribeirinhas, só que tem até sobrado. Estava mais tranqüilo... Vimos a escola, conversamos com os índios e voltamos pro barco. O secretário resolveu trocar de lugar como motorista, como ele tinha dito antes que tinha a carteira pra navegar, eu sosseguei... até ele fazer a primeira curva. O cara não reduzia a velocidade, e o barco cortava a mata, a mata fechava, abria e o barco inclinava uns 30 graus a cada curva, e eu olhava feio pro secretario e o motorista (que estava sem as mãos no volante) ria, mas ele também estava com medo, pois segurava na borda do barco e embaixo do banco com força. Chegamos ao lago, até pegarmos o leito do rio... Me certifiquei que a correnteza estava mesmo a favor e continuei segurando embaixo do banco duro do barco, pois o secretário gosta de navegar com emoção. Paramos em outra comunidade e vimos mais uma escola. Essa escola (Gonçalves de Farias) estava mais arrumadinha, conhecemos o que eles chamam de fruta-pão, uma espécie de semente com gosto de batata, muito gostosa. Essas escolas das comunidades rurais e indígenas são multiseriadas, ou seja, são alunos de varias séries na mesma sala de aula e com o mesmo professor. Pra meu sossego o secretário não gostou do volante do deslizador e devolveu o barco para o motorista. Ao pegar o barco de volta o motorista advertiu o secretário que não se faz curva sem desacelerar o motor. Nesta hora agradeci a Deus pelo barco do secretário ter quebrado. Viajamos até São Paulo para almoçar. Foi a comunidade que ficamos mais tempo e mais próximos da realidade dessas pessoas. A casa de madeira abriga 7 pessoas, pois tem duas famílias morando até que a casa de uma delas fique pronta. A casa tem duas partes: a da frente, com telhado de metal e com temperatura elevada, com um quarto e uma sala, e a de trás, ligada por um corredor de madeira, onde fica a cozinha e mais um quarto, coberta com palha e temperatura agradável. A dona da casa tem 27 anos e 2 filhos, a cunhada dela tem 25 e 5 filhos (a conta não está errada, tem alguns filhos que moram na cidade). A aparência delas não é de pessoas que têm essa quantidade de filhos, são mulheres de corpo definido e magro. Como a comida não estava pronta (já era mais de 15h e 30min), ficamos conversando, os piuns (mosquitos) atacando, repeti a dose do repelente, e mesmo assim eles ainda picavam, a contragosto, mas picavam. O almoço ficou pronto em uns 10 minutos. Era galinha caipira, arroz, farinha e macarrão. A dona da casa pegou as panelas do chão e as colocou no chão (muito limpo) da palafita. Era a nossa mesa. Eles não possuem mesa, nem sofás, nem cadeiras para sentar. Estava muito gostoso, apesar das condições. Só estavam as mulheres na casa, pois os maridos estavam trabalhando da colheita de óleo de copaíba e andiroba (são óleos extraídos de arvores de madeira nobre que valem mais que a madeira e servem para medicamentos, são excelentes anti-inflamatórios). Perguntei a elas se elas preferem a vida na cidade ou na beira do rio e elas responderam que não trocam o rio pela cidade. Pagamos pelo almoço e voltamos para o barco de volta para a cidade. Não paramos mais em escolas, mas o vento estava mais frio e mais forte. O rio estava mais agitado. Parece que a viagem de volta foi mais longa, pois estávamos calados (quando conversamos o tempo passa mais rápido). Não tenho noção de quantos quilômetros andamos, pois o barco não tinha velocímetro. Só sei que estava tenso, quase deprimido de ver só água e mato. Até que avistamos a cidade. A viagem ficou excelente quando atracamos no porto e eu desci do barco. Corri pro hotel, com as pernas bambas e tomei um banho super demorado (a água não estava fria como de costume). Durante o banho refleti e vi que foi uma aventura gostosa, uma experiência que vai ficar guardada pro resto da minha vida e sou muito grato por ter tido esta chance de ver quantas diferenças existem nesse país que não são capazes de tirar a felicidade das pessoas. Mas não sei se tenho coragem de fazer outra aventura dessa. Depois do banho fomos ao restaurante comer um tambaqui grelhado. Estava maravilhoso! Estou passando muito bem com a comida aqui, já ganhei uns quilos comendo tambaqui todo dia. Como o dia foi tenso e eu enchi o saco dos colegas, tomei uma cerveja para agradá-los e para relaxar também. Voltamos ao hotel e capotei... Não lembro de mais nada.

Dia 14 de maio – A cidade dos urubus.

Hoje vou dizer algumas coisas que esqueci nos blogs anteriores, se eu agüentar, pois saímos da Prefeitura hoje só perto de 21h para concluir o máximo de trabalho que conseguíssemos. Hoje estou cansado, o trabalho foi desgastante, pois tive a impressão que os colegas estavam tentando “pentear cabelo de cobra” e me estressei. Cheguei ao hotel querendo um banho quente e relaxante, mas chuveiro elétrico aqui é luxo. Mesmo assim, tomei um banho demorado. Hoje almoçamos pirarucu grelhado e dourado ao molho. Não estava tão bom quanto o tambaqui de ontem. Nos anteriores eu esqueci de falar que enquanto em Brasília a praga é de pombos, aqui é de urubus. Aqui perto do hotel tem várias famílias de urubus. Nunca pensei que fosse um bicho tão feio! Outra coisa é sobre a alienação das pessoas. Lembram do Leandro? Pois é, perguntei a ele quem era o Ronaldinho e ele respondeu que era o “digamos” jogador de futebol. Perguntei também quem era o Lula, e ele não soube responder. O garotinho que nos pediu comida no outro dia também não sabia quem era o Lula. Depois do banho demorado, fomos comer. Comi aquele sanduíche que comi anteontem. Estava bonzin. Resolvi deixar o pessoal assistindo o futebol e voltar ao hotel. Não estava muito afim de ficar na mesa vendo o povo beber, ver futebol e ouvir a trilha sonora da rua que era algo parecido com isso: “Vem cá meu moranguinho, te encho de carinho, te encho de carinho, te encho de tesão”. Depois a música continuou com um negócio de “gosto de uva” e “chupar”. Abstraí e empreendi uma caminhada apressada para o hotel. Na verdade estou me preparando pra enfrentar uma viagem de barco, voadeira ou deslizante... Não importa, o que importa é que vai ser uma aventura que eu não estou a fim de enfrentar. Só espero não ficar muito tempo em barco e nem ter que voltar a noite, ou pior, dormir em comunidade ribeirinha ou com índios. Afff! Vou dormir, é melhor...

Dia 14 de maio – A cidade dos urubus.

Hoje vou dizer algumas coisas que esqueci nos blogs anteriores, se eu agüentar, pois saímos da Prefeitura hoje só perto de 21h para concluir o máximo de trabalho que conseguíssemos. Hoje estou cansado, o trabalho foi desgastante, pois tive a impressão que os colegas estavam tentando “pentear cabelo de cobra” e me estressei. Cheguei ao hotel querendo um banho quente e relaxante, mas chuveiro elétrico aqui é luxo. Mesmo assim, tomei um banho demorado. Hoje almoçamos pirarucu grelhado e dourado ao molho. Não estava tão bom quanto o tambaqui de ontem. Nos anteriores eu esqueci de falar que enquanto em Brasília a praga é de pombos, aqui é de urubus. Aqui perto do hotel tem várias famílias de urubus. Nunca pensei que fosse um bicho tão feio! Outra coisa é sobre a alienação das pessoas. Lembram do Leandro? Pois é, perguntei a ele quem era o Ronaldinho e ele respondeu que era o “digamos” jogador de futebol. Perguntei também quem era o Lula, e ele não soube responder. O garotinho que nos pediu comida no outro dia também não sabia quem era o Lula. Depois do banho demorado, fomos comer. Comi aquele sanduíche que comi anteontem. Estava bonzin. Resolvi deixar o pessoal assistindo o futebol e voltar ao hotel. Não estava muito afim de ficar na mesa vendo o povo beber, ver futebol e ouvir a trilha sonora da rua que era algo parecido com isso: “Vem cá meu moranguinho, te encho de carinho, te encho de carinho, te encho de tesão”. Depois a música continuou com um negócio de “gosto de uva” e “chupar”. Abstraí e empreendi uma caminhada apressada para o hotel. Na verdade estou me preparando pra enfrentar uma viagem de barco, voadeira ou deslizante... Não importa, o que importa é que vai ser uma aventura que eu não estou a fim de enfrentar. Só espero não ficar muito tempo em barco e nem ter que voltar a noite, ou pior, dormir em comunidade ribeirinha ou com índios. Afff! Vou dormir, é melhor...

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Os quatro primeiros dias na AMAZÔNIA.

Dia 9 de maio de 2008 – Preparação para a viagem:

Depois de comer uma galinha ao molho pardo maravilhosa no restaurante da irmã de um colega de trabalho, passei no cursinho para cancelar uma matricula e eles não aceitaram devolver meus bônus. Voltei ao trabalho e fiquei lá um pouco e sai por volta das 16h para ir ao mercado.
Lá comprei vários modelos de inseticidas, afinal vou para a o interior da Amazônia. Comprei um inseticida spray, um de tomada e um repelente em creme para o corpo.
Voltei pra casa, depois de enfrentar o caos da Via EPIA (se o Arruda não quer que a gente passe pela EPIA, é pra passar por onde?) para arrumar a mala. Peguei quase toda a minha roupa, afinal serão 15 dias no Amazonas, espero não ter que sujar todas.
Mala pronta, dei uma varrida na casa (só na área social, heheh), tomei banho, lanchei e fui dormir.
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Dia 10 de maio de 2008 – A viagem para Manaus.

Vôo GOL 1866: Brasília – Manaus. Boeing 787-800.
2h40min de vôo depois, chegamos em Manaus. Foi o vôo mais tranqüilo que já fiz. Não sei se foi o efeito de estar entretido com as palavras cruzadas J.
Ao sair do aeroporto senti aquele mormaço de 40 graus e umidade 100%, isso porque o piloto anunciou que a temperatura na cidade era de 27º. Só se fosse debaixo de um ar condicionado.
Pegamos um táxi em rumo ao hotel (no táxi estava fazendo 27 º), e a primeira impressão que tive da cidade é que é uma cidade feia e suja. Tinham poucas pessoas bonitas nas ruas, o transporte público é precário, o que já é algo bem melhor que Brasília. O hotel fica no centro velho da cidade, onde fica o teatro e a parte cultural.
Chegando ao hotel, pude perceber o que é a umidade de 100%: o hotel fede mofo, tudo lá fede mofo. Não sei como não estou com minha cara inchada de alergia. Deixamos as coisas no hotel, depois do cadastro, e fomos procurar um local para almoçar. Até que achamos um buffet que custa R$16,99 (porque não colocam R$17,00 logo?), e a comida deveria ser boa, mas como já estava bem tarde para almoçar, só encontramos o resto revirado. Comi um macarrão com peixe e comprei um guaraná diferente e forte e fiquei feliz, apesar do calor.
Aproveitamos para dar uma volta, e percebi que a cidade é mesmo suja e feia, com exceção do centro que é muito bonito, cheio de casarões antigos. Pena que não tinha nada de atração no teatro além de uma visita guiada que eu não estava a fim de ver e pagar R$10,00 por isso. Sem contar que eu não saberia voltar ao hotel sozinho. Encontramos um boteco, que é de um velho português que fundou o carnaval da cidade, o povo ficou bebendo e eu fiquei olhando.
Depois voltei ao hotel com o Bruno, fui tomar meu banho. Preparei tudo: o sabonete, o shampoo, a toalha, a música no celular, tirei a roupa, liguei o chuveiro e a água estava fria (DROGA!). Chamei o Bruno e perguntei se o dele também estava frio, ele disse que não. Chamei o responsável pelo hotel que me disse que não seria possível consertar o chuveiro naquela hora, então, logicamente fui tomar banho no quarto do Bruno. To lá no meu banho e percebo que a água corria pro centro do banheiro e achei muito estranho o ralo estar lá, mas tudo bem, cada um coloca seu ralo onde quer. Fui procurar o que comer na cidade e pedia informações de onde ficava o teatro, que tem lanche lá perto, um me indicou uma direção e outro me indicou outra e eu resolvi voltar pro hotel pra não me perder. Voltei para meu apartamento, assisti a Supernanny (a TV só pega o SBT) e dormi. Os colegas demoraram um pouco a voltar do boteco. E quando voltaram já se arrumaram pra sair e explorar a noite da cidade, eu resolvi ficar no hotel dormindo, e o Julio também (ele dividiu o quarto comigo). Não dormi bem naquele lugar mofado e barulhento. Tem algum motor que funciona o tempo inteiro lá, além do elevador e do ar condicionado.
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Dia 11 de maio de 2008 – Viagem para Lábrea.

Depois de uma noite mal dormida (além do mofo e dos barulhos, o colega ronca!). Levantei e fui tomar café. Os colegas do grupo JJJ já tinham saído bem cedo para pegar o vôo para São Gabriel da Cachoeira. O café da manhã tinha: leite, café e suco de cupuaçu; banana, melancia e mamão; tapioca, pão, manteiga e ovo frito. Após o café e o acerto no hotel, saímos para ir ao banco, e passamos por uma feirinha na rua que lembra Pirenópolis. Voltamos ao hotel, combinamos o preço do táxi e fomos ao aeroporto.
O vôo saiu às 9h20min, com escala em Humaitá e destino a Lábrea. Era um bimotor turbo hélice ATR 42 da Trip. Não é exatamente um teco-teco, mas é um avião menor, que trepida, mais barulhento e mais sensível às turbulências. Portanto, não é uma experiência muito boa, mas o serviço de bordo dá de 1000 a zero no da Gol. Eles serviram dois mini sanduíches, frutas, biscoitos, bolo de tapioca, balas e bebidas e a Gol só serviu um sanduichinho de pão seco com ¼ de fatia de queijo (não era mussarela) e presunto. Apesar da vibração do avião, a viagem foi bacana e sobrevoar a Floresta Amazônica, ver aqueles rios afluentes da bacia que a gente decora os da margem esquerda e os da margem direita do alto, foi muito bom, é muito bonito mesmo. Pousamos em Lábrea e as fotos do aeroporto dirão tudo! Gente, isso aqui é outro mundo! Tive a impressão de estar num terminal rodoviáro de algum povoado bem pobre. No aeroporto descobrimos que alguém foi nos buscar e nos levar para a cidade.
Na cidade fomos conferir os hotéis e descobrimos que o hotel que fizemos a reserva não é bom e resolvemos nos hospedar ao lado. A estada aqui é o oposto da de Manaus: hotelzinho limpo, quarto grande e individual com uma cama de casal e uma de solteiro, TV que funciona mesmo com controle o quebrado, ar silencioso, com uma vista linda do rio e das palafitas, uma varanda, a cidade tem um clima agradável, mas como nada é perfeito, não tem chuveiro elétrico e contra os pernilongos tenho as armas... L Nnguém merece! O hotel fica na praça central da cidade, onde TUDO acontece, é o point! Não me surpreendi com a cidade, e fomos almoçar no restaurante do hotel que furamos a reserva pra fazer uma média. O cardápio: arroz com cenoura, feijão(zão), peixe frito (não lembro o nome do peixe), o mesmo peixe ao molho, salada, farofa e BARÉ!!! Quando ouvi “BARÉ” não acreditei e pedimos dois exemplares. Pra quem não conhece, o BARÉ é um refrigerante que era vendido há muito tempo atrás feito de guaraná e frutas cítricas, e era vendido em Brasília como “sabor tutti-frutti”. Não acha mais em lugar algum esse refrigerante que é engarrafado em garrafa de cerveja e fabricado pela Antarctica e eu vim tomar mais de 20 anos depois aqui nos confins da Amazônia. Demos uma volta na cidade, conversamos com algumas pessoas, percebi que aqui tem mais homens que mulheres, e que a cidade é muito pobre. Tem uma vila de palafitas na margem do rio que agora está na cheia (estação que eles chamam aqui de “inverno”). Tem casas de tudo quanto é jeito. Não sei se digo que é bonito ou feio. O que sei dizer é que a estatura das pessoas é baixa, as crianças começam cedo a trabalhar, os adolescentes criam corpo rápido devido à rotina diária (remar barco, suspender motor, andar de bicicleta, nadar no rio...). Na praça conheci outra iguaria do local: a banana verde frita como se fosse batata, fica uma delícia! Bem crocante e é uma ótima opção para quem não gosta de comer banana como eu. Ah! Detalhe: aqui em Lábrea não pega celular e Internet é artigo de luxo. Depois de dar uma (outra) volta pela cidade, fomos num boteco, bebi mais BARÉ, e conhecemos o Leandro, um garotinho de 10 anos, órfão de pai (o pai dele estava bêbado e caiu de um barco no rio), tem 8 irmãos, está sem estudar, que veio nos pedir comida. Ele estava catando latinha e faminto. Conversamos um bocado com ele até que resolvemos pagar o churrasquinho que ele pediu. Resolvi deixar o pessoal no frunxé do terraço, comer uma pizza horrível e voltar ao hotel pra dormir.
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Dia 12 de maio – Início dos trabalhos.

Dormi que nem uma pedra! Acordei com o povo batendo na porta. Levantei, tomei o café (suco de cupuaçu, tapioca, bolo, biscoitos, leite, café, mamão, banana, mandioca frita...), me arrumei e rumamos para a Prefeitura. A primeira impressão que tive do meu local de trabalho dessa semana é que era um banheiro gigante. O prédio é velho, pequeno, com fedor de banheiro sujo e mofo. Não sei como as pessoas trabalham ali sem estrutura, sem Internet, sem computadores e móveis descentes. Nessas ocasiões percebemos que reclamamos de barriga cheia mesmo. Fomos recebidos pelo chefe de gabinete, pois o prefeito não estava na cidade. A sala que nos foi disponibilizada ainda estava fechada e a documentação que pedimos ainda não estava disponível. Mas não demorou muito para as pessoas responsáveis chegarem com a chave da porta e com a documentação. Gostaria de poder contar todos os detalhes do trabalho, mas não posso. Só digo que está sendo bem interessante descobrir coisas novas, apontar certas irregularidades, perceber “erros” de gestão e conhecer um lugar e uma cultura nova. No almoço comemos peixe frito e frango, com arroz, feijão com carne, salada, farinha e estava tudo uma delícia. Pelo menos a alimentação está me agradando: peixe todos os dias! E Baré! Hahahaha! Voltamos ao nosso “gabinete” vazio, pois a prefeitura funciona das 7h30min às 13h, mas o povo que é responsável pelo fornecimento da documentação que solicitamos estava sempre aparecendo querendo saber se precisávamos de alguma coisa. Até que apareceu um senhor chato que nos alugou a tarde inteira. O querido não parava de conversar borracha um segundo! Afff! Fiquei com vontade de dar um cascudo nele! Me arranjaram um açaí, mas só consegui comer 4 colheradas (detesto açaí!). Terminado o (nosso) expediente, fomos procurar pela cidade um mercado suspeito e um chá pra eu tomar. Só achamos o mercado suspeito e confirmamos a suspeita. Voltamos ao hotel, ficamos um tempo relaxando. Quando fui tomar meu banho começou a chover e, quando parou um pouco de chover, voltamos pra rua para comer, impressionante como numa cidade desse tamanhico tem criança pedindo comida! Mais uma vez tivemos que dar comida pra um garoto de cujo nome não me recordo. Comi um sanduíche de hambúrguer de fabricação própria que estava bem melhor que um Big Mac ou um Tri Possante ou um Big Bob. Voltamos para o hotel para dormir. E a chuva recomeçou.
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Dia 13 de maio – Mais um dia de trabalho.

Hoje foi phoda! Dormi pouco, mas dormi bem. Acordei, tomei café. A única diferença no cardápio era o suco de tangerina. Mas o que foi pesado foi o trabalho de hoje. Fizemos muita coisa, analisamos muitos documentos, fizemos uma planilha enorme. Fiquei bem cansado, porém com sensação de dever cumprido. Ah! O almoço foi ótimo! Encomendamos um tambaqui grelhado num restaurante, fizeram no capricho. Gente, o quilo do file de peixe aqui custa no máximo R$8,00! Era o peixe, o arroz branco (adoro!), salada e farofa. Não tinha Baré. Comi demais no almoço! Queria tirar uma sesta, mas o tempo já estava curto, pois o almoço atrasou um pouco. Já falei do trabalho... Voltamos ao hotel no fim da tarde para deixar os apetrechos de trabalho e voltamos para a rua para comer um projeto de pizza no mesmo local onde comemos o sanduba ontem. O céu começou a escurecer e a chuva caiu e esta chovendo até agora (são 21h20min agora). Estou com muito medo de chegar no sábado e ainda estar chovendo desse jeito na hora de pegar o teco-teco de retorno a Manaus. E também no domingo na hora do vôo para Tefé. Mas eu prefiro pensar nisso no sábado e no domingo... Hoje começou a bater uma saudadezinha de todo mundo e de Brasília, da minha cama, do filiquichirinho, da FACON... Mas não estou triste. Falando mais sobre a cidade: aqui as pessoas andam muito de bicicleta também. Tem tanta moto e bicicleta que elas vivem quase colidindo. E a energia daqui, apesar de tanta água, vem de termoelétrica.