segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Crônica de um domingo de sol de um simples ser mortal em Brasília

Crônica de um domingo de sol de um simples ser mortal em Brasília




Pleno domingo de sol, estava eu indo do Bandeirante para o Guará.


Peguei uma van 92 e fiquei observando e sentindo a “diliça” de ser pobre.


Não há lugar pra se achar tanta gente feia e esquisita em Brasília quanto nas vans 92 ou 86 e nos percursos dos itinerários delas.


É a senhora com as criança no pondiôns voltando da farofada na água mineral.


É a bonita celulítica com a miniblusa verde sem sutiã mostrando o bico dos seios na barra da blusa, perto do umbigo. E a microssaia jeans lantejoulada dela, mostrando o cerne? Só mesmo o velho horroroso do marido dela pra aguentar aquela visão do inferno, afinal ele é o próprio capeta.


E o outro demônio que entra com seus cabelos amaciados com cheirinho de neutrox de anteontem, ê beleza!!!


E o velho que entra com a sacola com não sei o que dentro (olhei pra dentro da sacola, mas não vi. Sabe quando se ouve, mas não escuta? Pois é, mais ou menos isso) e fica me mostrando e falando não sei o quê como se fosse meu íntimo.


E pra melhorar o som do veículo sintonizado na BAND FM, tocando o congregun ou uma outra onomatopéia qualquer, de um grupo alguma coisa do samba, (ou seria bambas?) com aquele barulho de sirene para melhorar a harmonia do arranjo musical. Uma beleza!


Aí fiquei viajando na maionese pra poder não me irritar com a situação e pensando o que eu faria se ganhasse na mega-sena.


Porque pobre quando é perguntado o que faria se ganhasse na mega-sena vem com a resposta na lata: “comprar uma mansão e um carrão.”


E eu pergunto: pra quê?


Se eu ganhasse na mega-sena não iria ter outra propriedade ou outro patrimônio que não fosse os próprios milhões rendendo na conta do banco, as passagens aéreas e as reservas nos flats de luxo.


Iria ter casa pra quê? Pra pagar IPTU, CEB, CAESB, funcionários (salários, férias, décimo terceiro, licença maternidade, etc, etc...), manutenção, declarar no leão, trocar mobília e não ficar em casa?


Iria querer carro pra que? Pra ser responsável por qualquer contratempo, ganhar pontos na carteira, pagar motorista, pagar IPVA, seguro, comprar gasolina, transferir documentos, etc, etc, etc se eu só vou andar de avião e taxi?


Ah, não! Os únicos constrangimentos e preocupações que eu gostaria de ter seriam ter que chamar atenção dos outros por causa do meu cartão VISA Infinite, e ter que atravessar uma multidão de pobres no saguão do aeroporto, para ir para a sala VIP esperar meu embarque no jatinho fretado ou na primeira classe de um vôo para a Europa, com minha malinha Louis Vuitton, minha camiseta D&G, minha cueca Kalvin Klein, meu óculos Armani, meu chinelo Prada, minha carteira Victor Hugo (com uns $20,00 ou $2000,00 pra deixar de gorjeta)  pra causar, meu iPod e a bermuda Tommy Hilfiger, . E ter que chegar no flat e ter que esperar a banheira encher, que saco! E ter que esperar a hora do próximo espetáculo ou chamar o táxi para ir para o restaurante mais caro da cidade.


Dentro da mala, o básico: mais uma cueca Kalvin Klein porque eu gosto mesmo, uma sunga Aussiebum, uma camiseta Herchcovich pra valorizar a moda brasileira lá fora, um jeans Diesel, um eau de toilete Higher Energy da Dior e o resto eu compro por lá mesmo.




Cobrador, vou descer na próxima...




Afff.

3 comentários:

Etio Meira disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk....
aaaaaaaaaaaai...ótimo....adorei......muito bem pensado mesmo!!!!!
Esse negócio de "casa própria" eh coisa do Baú da felicidade!!!!!
=D

Suzana Alves disse...

Ameii......
mas que vc f... com a vida dos pobres vc f.......
olha...
quanto ao carro...eu amo meu Palio, tá?
Beijos...
hehehehehe

Urbano Cosmopolita disse...

Ô amiga...

O pior é que é real, aconteceu, é um falo venéreo...

Bjok.